Depois da suposta reeleição de Nicolás Maduro, o papa Francisco pediu, neste domingo, 4, que se busque a verdade e se evite a violência na Venezuela, que vive uma “situação crítica”.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), aliado da ditadura, concedeu ao ditador um terceiro mandato depois as eleições de 28 de julho. O candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, afirmou que houve fraude e exige a divulgação das atas de votação.
“Tanta preocupação exprimo pela Venezuela, que está vivendo uma situação crítica. Faço um sincero apelo a todas as partes, para buscar a verdade e a exercer moderação”, disse Francisco. “Atuem com moderação, evitem qualquer tipo de violência, resolvam as controvérsias por meio do diálogo e tenham no coração o verdadeiro bem da população e não os interesses partidários.”
O pontífice, de 87 anos, discursou para uma multidão reunida na Praça de São Pedro, no Vaticano, depois da oração dominical do Angelus.
Diversos países também exigem a divulgação das atas de votação. Além disso, cinco nações da América Latina, além dos Estados Unidos, já reconheceram publicamente o opositor Edmundo González Urrutia como o presidente eleito da Venezuela.
O Peru foi o primeiro a reconhecer a vitória do opositor, seguido por Estados Unidos, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá.
Venezuela persegue manifestantes
Desde o anúncio do resultado, na segunda-feira 29, os protestos na Venezuela causaram pelo menos 11 mortes, de acordo com várias organizações de defesa dos direitos humanos.
A reeleição de Maduro foi anunciada pelo CNE depois da votação. O órgão, cujo presidente é Elvis Amoroso, aliado a Maduro, afirmou que o ditador recebeu 52% dos votos, contra 43% de González, com 97% das urnas apuradas. Porém, o conselho não divulgou as atas que poderiam provar a suposta vitória do ditador.
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A oposição ainda afirmou ter obtido acesso a esses documentos e publicou as atas em um site. Eles declararam González vitorioso com 67% dos votos, com 80% das mesas de votação contabilizadas.
Uma projeção, realizada por pesquisadores brasileiros, baseada em atas coletadas por uma ONG venezuelana, produziu um resultado semelhante ao da oposição, com 66% dos votos para González, e 33% para Maduro.