terça-feira, julho 2, 2024
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Palácio foi construído com materiais incomuns (e assustadores) na África

A construção de um palácio localizado na cidade de Abomey, no Benim, foi feita de forma diferente de tudo o que você já viu. Um recente estudo confirma que a estrutura, que fica na África Ocidental, foi erguida com o uso de sangue.

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Análises das paredes da construção foram feitas por pesquisadores (Imagem: Charlier et al., Proteomics 2024)

Sangue de 41 vítimas de um sacrifício

  • Como a capital do antigo reino do Daomé, o palácio de Abomey foi a casa de 12 reis que governaram o local do século XVII ao início do século XX.
  • O nono deles, Ghezo, ocupou o trono de 1818 a 1858 e era conhecido por seu poder e brutalidade militar.
  • Lendas apontam que a construção teria sido feita com o sangue de 41 vítimas de um sacrifício vodu.
  • Além disso, o beco que leva à residência oficial supostamente foi pavimentado com os crânios e ossos maxilares de inimigos derrotados.
Mistura de óleo vermelho, água e sangue foi usada na construção (Imagem: Charlier et al., Proteomics 2024)

Uso do material visava “proteger essência do rei falecido”

Por anos, pensava-se que todas estas eram, na verdade, histórias fantasiosas que resistiram ao tempo. No entanto, um novo estudo parece ter descoberto o que aconteceu no período. Segundo os pesquisadores, o material aglutinante encontrado nas paredes do palácio não é uma argamassa padrão. Análises confirmaram que se trata de mistura de óleo vermelho, água e sangue.

As vítimas provavelmente eram escravos ou prisioneiros capturados de povos rivais. No total, teria sido usado o sangue de 41 pessoas que foram sacrificadas. O número, explicam os cientistas, é considerado sagrado no vodu.

De acordo com a cultura local da época, e que ainda resiste aos dias de hoje, as ofertas de sangue combinadas com orações e água sagrada podem ser usadas para erguer edifícios ou animar estruturas de madeira conhecidas como fetiches. Nesse caso, o tributo sacrificial foi “encarregado de proteger o que resta da essência sutil do rei falecido”.

Para determinar a composição exata da argamassa, os autores do estudo utilizaram espectrometria de massa em tandem de alta resolução, que permitiu caracterizar as proteínas dentro do revestimento. Eles detectaram vestígios de trigo, que só foi cultivado na África subsaariana muito depois da morte de Ghezo.

Eles observam, no entanto, que o rei era um grande fã do imperador francês Napoleão III, que muitas vezes enviava presentes diplomáticos, como tecidos, armas e búzios do Benim para a França. Portanto, é possível que o trigo tenha sido enviado de lá. Os resultados das análises também confirmaram a presença de hemoglobina e imunoglobulinas tanto de humanos quanto de galinhas.

De acordo com os autores do estudo, publicado na revista Proteomics, a morte dos reis do Daomé foi muitas vezes marcada pelo sacrifício de até 500 vítimas, em um ritual conhecido como os “Grandes Costumes”. Se o sangue encontrado nas paredes da tumba de Ghezo foi ou não derramado durante tal ocasião ainda não está claro, embora os pesquisadores digam que uma análise de DNA adicional pode ajudar a revelar exatamente quantas pessoas foram mortas para erguer a estrutura.

Via Olhar Digital

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