Em artigo publicado na quinta-feira 23, o jornal britânico The Economist afirmou que oferecer apoio financeiro para incentivar mulheres a terem filhos não é uma solução eficaz para resolver a queda da natalidade.
A Coreia do Sul considera oferecer US$ 70 mil por bebê, enquanto Donald Trump prometeu um bônus caso volte à Presidência dos Estados Unidos. Na França, Emmanuel Macron deseja “rearmar demograficamente” o país, que já investe de 3,5% a 4% do PIB em políticas familiares.
Na Hungria e na Rússia, os incentivos governamentais não resultam em muitos nascimentos adicionais. A Suécia, apesar de seu generoso programa de cuidados infantis, tem uma taxa de natalidade de apenas 1,7. Na Polônia e na França, programas custam entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões por nascimento adicional, e poucos cidadãos geram benefícios fiscais suficientes para justificar esses gastos.
Profundas mudanças sociais e econômicas estão por vir. Uma taxa de natalidade de 1,6 significa que, sem imigração, cada geração será um quarto menor que a anterior.
Em 2050, nos países ricos, haverá 52 pessoas com mais de 65 anos para cada cem entre 25 e 64 anos. Na Coreia do Sul, onde a taxa de natalidade é de 0,7, espera-se uma diminuição de 60% na população até o fim do século.
Para o The Economist, com a queda de natalidade, a maioria das economias precisará se adaptar às mudanças sociais, e os governos devem facilitar essa transição. Estados previdenciários precisam ser repensados.
Os impactos da queda de natalidade
O declínio na taxa de natalidade é mais acentuado entre mulheres mais jovens e mais pobres, que adiam a gestação do primeiro filho e acabam tendo menos filhos. Nos Estados Unidos, a idade média para o nascimento do primeiro filho subiu de 28 anos em 2000 para 30 anos atualmente. Mulheres com formação universitária têm quase o mesmo número de filhos que suas antecessoras, embora um pouco menos do que o ideal.
Políticas pró-natalidade, como benefícios para pais mais pobres, ajudam a reduzir a pobreza infantil e permitem que mães trabalhem ao pagar por cuidados infantis. No entanto, essas políticas não aumentam significativamente as taxas de natalidade.
Elas são baseadas em um “diagnóstico incorreto” das causas do declínio demográfico e podem ser mais caras do que os problemas que pretendem resolver. É necesário buscar soluções mais efetivas.
De acordo com o jornal, a decisão de ter filhos é pessoal e deve continuar assim. Porém, sociedades envelhecidas e em declínio tendem a perder dinamismo e poder militar, além de enfrentar desafios orçamentários significativos, já que os contribuintes terão dificuldades para financiar pensões e cuidados de saúde para uma população idosa em crescimento.
É possível que os idosos precisem trabalhar por mais tempo para aliviar a pressão sobre os cofres públicos. Inovações tecnológicas devem ser incentivadas para aumentar a produtividade e ajudar no cuidado dos idosos, enquanto políticas focadas no aumento do número de bebês devem ser dispensadas por serem “socialmente retrógradas”.