O padre Alexandre Paciolli, de 55 anos, acusado de cometer crimes sexuais, foi encaminhado para cumprir prisão domiciliar nesta quarta-feira, 10. O líder religioso foi preso em 3 de abril, em Fortaleza.
Paciolli estava preso preventivamente depois de o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pedir a prisão. O órgão foi responsável pela denúncia de importunação sexual e estupro. A mudança para prisão domiciliar foi solicitada pela defesa do padre, que alegou que ele necessita de repouso, cuidados de higiene e fisioterapia.
Em 20 de março, o padre passou por uma cirurgia de grande porte. A juíza Simone Dalila Nacif Lopes aceitou o pedido da defesa. Na decisão, afirma que, apesar de o acusado responder por crime grave, “supostamente praticado mediante abuso de fé alheia, o fato não tem capacidade de gerar sua prisão preventiva de forma automática”.
“Diante da gravidade do procedimento realizado no requerente, a prisão deve ser convertida em domiciliar”, afirmou a juíza, em decisão que o jornal Folha de S.Paulo teve acesso.
Para cumprir a prisão domiciliar, o padre precisa seguir as seguintes medidas cautelares:
- comparecimento mensal ao juízo de sua residência para justificar e comprovar o endereço;
- fica proibido de sair da região em que mora sem a prévia autorização da Justiça;
- deve comparecer a todos os atos judiciais;
- deve apresentar mensalmente um relatório médico detalhado e atualizado que ateste o estado de saúde; e
- fica proibido manter contato com a vítima e testemunhas por qualquer meio de comunicação.
Caso o padre deixe de cumprir alguma das medidas impostas pela Justiça, poderá novamente ser preso previamente.
A organização não governamental (ONG) Me Too Brasil acompanha a mulher que denunciou o padre. Em nota à Folha, o órgão informou que a medida “prejudica o bem-estar emocional e psicológico da vítima, colocando-a em risco de intimidação, e alerta para a possibilidade de fuga do acusado”.
Paciolli foi reitor da Igreja da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Ele também atuou na Igreja São José, zona sul da capital fluminense. Além disso, foi apresentador de programas da TV Canção Nova. Depois da prisão, foi afastado pela Arquidiocese do Rio.
O padre teria cometido crimes sexuais contra a vítima em agosto de 2022 e janeiro de 2023, em Nova Friburgo (RJ). A Promotoria de Justiça de Investigação Penal do município foi a responsável pela denúncia.
De acordo com o MP, o líder religioso aproveitava a ingenuidade e a fé da vítima para praticar atos libidinosos. “Tendo o denunciado como seu sagrado protetor, [a vítima] não conseguiu oferecer resistência”, informou a promotoria.
Depois da denúncia, a PUC abriu uma comissão para receber novas queixas contra o padre. As possíveis vítimas também podem procurar o MP para a abertura de novas investigações.