Fernanda Guardado, economista-chefe para a América Latina do banco BNP Paribas, afirmou em entrevista ao site Poder360 que o pacote fiscal do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é insuficiente para equilibrar as contas públicas. Segundo a especialista, a medida impulsionou o consumo e dificultou o trabalho do Banco Central em controlar a inflação.
A economista ainda afirmou que a curva de juros permanece alta. Isso ocorre em razão da elevada dívida pública do Brasil em comparação com outros países. Embora o pacote fiscal de 2024 tenha limitado o aumento das despesas e proposto restrições ao reajuste real do salário mínimo, Fernanda acredita que essas ações não bastaram para garantir a estabilidade fiscal.
“Esperamos um déficit da ordem de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem ao considerar tudo o que vai impactar de forma efetiva a trajetória da dívida pública”, disse a especialista ao Poder360.
Propostas fiscais de Lula
Além disso, a economista abordou a proposta de isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil. A medida está sob avaliação do Congresso. A proposta, segundo Fernanda, exige compensações ainda não definidas, o que pode impactar negativamente as contas públicas.

Fernanda ressaltou a urgência de resolver a questão dos precatórios até 2027. Segundo a especialista, a medida deve ser contemplada no orçamento do próximo ano ou tratada por meios alternativos.
A dívida pública brasileira
Sobre a dívida pública, a economista explicou que o Brasil começa 2025 com uma dívida de quase 80% do PIB, cerca de 20 pontos porcentuais acima da média dos países emergentes.
“Observamos que a curva de juros segue em patamares bastante altos, porque a dívida brasileira é muito alta”, afirmou. “Quando se olha a curva de juros, ela está lá em torno de 14%, a perder de vista.”
Em relação ao cenário global, Fernanda comentou a incerteza das guerras comerciais. Também falou sobre o impacto das tarifas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu. “Isso vai gerar incentivos no mundo para algumas cadeias de produção serem redesenhadas”, disse.