Um comandante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) emitiu alerta sobre a segurança de quase 1 bilhão de pessoas na Europa e na América do Norte. Ele destacou as tentativas russas de mirar as extensas vulnerabilidades da infraestrutura subaquática, incluindo parques eólicos, gasodutos e cabos de energia. O bloco militar divulgou o recado nesta terça-feira, 16.
O vice-almirante Didier Maleterre, membro do comando marítimo da Otan, ressaltou que os cabos e dutos subaquáticos, essenciais para a energia e comunicações europeias, não devem resistir a uma eventual “guerra híbrida” por parte de Moscou e outros adversários do bloco. Ele afirmou que a economia europeia está sob ameaça devido aos esforços russos para perturbar a infraestrutura subaquática.
Maleterre também mencionou a presença de submarinos nucleares russos operando sob o mar. Nesse sentido, o vice-almirante destacou importância da cooperação entre os países da Otan para lidar com essa questão.
“Para ser bem claro, sabemos o que os russos desenvolveram em termos de submarinos nucleares para operar no fundo do mar”, disse Maleterre, ao site do jornal inglês The Guardian. “Portanto, não somos ingénuos e nós [países da Otan] estamos a trabalhar juntos.”
Militar da Otan alerta para incidentes de sabotagem e vulnerabilidades sistêmicas
Nos últimos 18 meses, dois incidentes de sabotagem em gasodutos no Mar Báltico ocorreram, sendo o primeiro no Nord Stream 1 e 2, em setembro de 2022, seguido pelo Balticconnector, em outubro do ano passado. Apesar de extensas investigações, ambos os casos permanecem sem solução.
O vice-comandante do comando marítimo da Otan ressaltou a vulnerabilidade da infraestrutura subaquática do bloco, que foi desenvolvida em um ambiente que mudou drasticamente desde sua criação, tornando-a suscetível a ataques. Ele destacou a importância da proteção dessas estruturas, considerando que mais de 90% da internet e as conexões entre os Estados Unidos e o Canadá com a Europa passam por debaixo do mar.
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Apesar do aumento da energia eólica offshore para atingir metas climáticas, Maleterre alertou para as “vulnerabilidades sistêmicas” ainda presentes na infraestrutura. Ele mencionou a necessidade de expansão da energia eólica para atender às metas de capacidade energética da União Europeia e dos EUA.
Com mais de cem navios, submarinos nucleares e convencionais patrulhando diversas regiões, incluindo o Ártico e o Mar Negro, Maleterre enfatizou a importância de proteger as infraestruturas subaquáticas vitais para a segurança de quase 1 bilhão de civis da Otan.