Ao menos duas organizações internacionais se manifestaram sobre a prisão do jornalista José Luis Tan Estrada. Ele foi depois de criticar o regime comunista de Cuba nas redes sociais. As informações foram publicadas pelo site do jornal Folha de S.Paulo, nesta quinta-feira, 2.
O jornalista foi preso na última sexta-feira, 26. Ele foi levado ao presídio Villa Marista, em Havana, para onde vão os acusados de crimes políticos.
A prisão de Estrada ocorre no momento em que a ilha enfrenta a pior crise econômica em pelo menos três décadas.
Organização que representa escritores, a PEN Internacional pediu a libertação do jornalista. A entidade também pediu para que autoridades cubanas parem com o “assédio às vozes críticas” no país.
Já a diretora-adjunta de pesquisa para as Américas da Anistia Internacional, Astrid Valencia, disse que o regime comunista tem medo da liberdade de imprensa.
“Sem liberdade de imprensa, a auditoria e o escrutínio dos que estão no poder ficam reduzidos”, afirmou Valencia nas redes socias. “Portanto, a estratégia dos Estados que violam os direitos humanos é silenciar o mensageiro.”
A investigadora da Anistia Internacional, Johanna Cilano, disse que a prisão de Estrada foi arbitrária. “Denunciar não é crime”, afirmou, em postagem no Twitter/X. “Ajudar quem precisa de remédios, comida ou abrigo não é crime.”
Acusações não especificadas contra o jornalista preso em Cuba
Segundo a Folha, as acusações contra Estrada não foram especificadas. O jornalista tem um blog e colabora com veículos independentes, como os sites CubaNet Noticias e Diário de Cuba.
Há duas semanas, ele relatou que recebeu uma multa de 3 mil pesos cubanos (R$ 646, na cotação atual) por violar um decreto usado pelo regime para silenciar críticos.
“[Uma inspetora] me mostrou uma pasta cheia de publicações minhas nas plataformas Facebook e X, além de curtidas de memes, comentários, curtidas de outras publicações, memes compartilhados, inclusive algumas do ano passado”, escreveu Estrada nas redes sociais. “De acordo com a inspetora, eu ‘gosto de coisas engraçadas contra líderes’.”
O jornalista afirmou ainda que precisou ficar somente de calças para se registrar na delegacia. No local, soube que estava sendo investigado por “atividade subversiva” depois de denúncias feitas por um grupo comunitário.
A prisão de Estrada indica uma estratégia mais ampla do regime comunista de Cuba para reprimir as vozes dissidentes depois dos recentes protestos, pontua a publicação.
O site Periódico Cubano avalia que a ditadura intensificou as ameaças e ações contra aqueles que considera “sediciosos”. O veículo on-line também afirma que o regime impôs penas maiores a presos políticos.
A prisão também reafirma a crescente tensão entre as autoridades e os ativistas que criticam o governo comunista.
Cuba enfrenta uma grave crise econômica desde a pandemia, com escassez de alimentos, remédios e combustível. A ilha caribenha também tem encarado problemas de fornecimento de energia elétrica.