Os orangotangos são conhecidos por serem animais altamente inteligentes. Mas uma recente descoberta acabou impressionando os cientistas. Um primata foi visto tratando uma ferida aberta com ervas reconhecidamente medicinais. É a primeira vez na história que um caso assim foi observado pela ciência.
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Orangotango aplicou planta diretamente no ferimento
A descoberta foi divulgada nesta quinta-feira (02) por pesquisadores do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, da Alemanha, na revista Scientific Reports. O estudo foi conduzido numa área de investigação de uma floresta tropical protegida na Indonésia.
No total, foram observados mais de 300 primatas não-domesticados da ilha de Sumatra. Mas foi um exemplar em especial que chamou a atenção.
Um orangotango macho (Pongo abelii), chamado Rakus, utilzou folhas e caule mastigados de uma planta para curar um machucado aberto no rosto, provavelmente causado por uma briga com outro macho da mesma espécie três dias antes.
Os pesquisadores descreveram que treze minutos depois de Rakus ter começado a se alimentar do cipó, o animal começou a mastigar as folhas sem engoli-las e a usar os dedos para aplicar o suco da planta da boca diretamente no ferimento facial. Em seguida, aplicou folhas mastigadas na ferida até cobri-la por inteiro. Apenas cinco dias depois, a ferida se fechou. Semanas depois, restou apenas uma pequena cicatriz no rosto de Rakus.
A planta, chamada de akar kuning (Fibraurea tinctoria) ou raiz amarela, tem efeitos analgésicos, antipiréticos e diuréticos e é “utilizada na medicina tradicional para tratar várias doenças, como disenteria, diabetes e malária”. O medicamento faz parte da farmacopeia tradicional na região, desde a China até o Sudeste asiático.
Comportamento foi intencional?
- Os pesquisadores não sabem afirmar ao certo se o comportamento do orangotango foi aleatório ou intencional.
- Uma das possibilidades é que ele tenha aprendido como usar o medicamento sozinho ou ao observar outro animal.
- De qualquer forma, o caso pode oferecer novas informações sobre as origens do tratamento de feridas humanas, cujo tratamento foi mencionado pela primeira vez em um manuscrito médico datado de 2.200 a.C.
- Há, no entanto, a possibilidade de que o primata tenha usado a planta acidentalmente.
- Neste caso, Rakus poderia ter aplicado o suco da planta no ferimento, logo após colocar os dedos na boca.
- Como a planta tem efeito analgésico, os macacos “podem sentir um alívio imediato, o que os levaria a repetir a operação várias vezes”, segundo o estudo.