Em entrevista ao Jornal da Oeste nesta quinta-feira, 5, a deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) disse que os parlamentares decidiram obstruir pautas no Congresso, a partir da próxima segunda-feira, 9. A intenção deles é realizar uma pressão política a favor do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Estivemos reunidos essa semana, em Brasília, já que não teve sessão na Câmara”, explicou a parlamentar. “Nos reunimos para debater a questão da obstrução, para que não se toque mais nada para frente, como se estivéssemos numa normalidade democrática. O Parlamento vem sendo desrespeitado pelo STF, e a perseguição está provada.”
Apesar de acreditar que a obstrução de pautas seja mais fácil no Senado Federal, que tem menos parlamentares, Júlia afirmou que a direita da Câmara trabalha para reunir políticos de centro em prol da obstrução. Há, ainda, uma outra forma de adiar o debate, segundo a deputada, que é alongar o tempo dos debates.
“Nós não temos número suficiente para barrar a votação, já que, para isso, precisaríamos da participação do Centrão”, disse. “Sem esta forma, nós temos de nos inscrever para falar no maior número de pautas e comissões possível. Assim, a coisa não flui numa normalidade. São maneiras que o próprio processo legislativo nos oferece, mas, para isso, precisamos, de fato, da vontade dos deputados de oposição, porque sempre vemos os mesmos ali.”
O fato de muitos parlamentares se inscreverem para falar durante as comissões faz com que o debate seja adiado para outras reuniões. Esta é uma maneira que o Parlamento tem, mundo afora, de adiar e obstruir debates.
Sentimento de impeachment de Moraes e o de Dilma Rousseff
Ainda em entrevista ao jornalista Vitor Brown, no Jornal da Oeste, Júlia Zanatta comparou o sentimento atual da Câmara dos Deputados, em relação ao impeachment de Alexandre de Moraes, ao sentimento da Casa Legislativa à época do impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.
“É difícil [que políticos de centro atuem com a direita, e não em prol de benefícios próprios]”, começou a parlamentar, que completou:
“Porém, estamos num momento de embate por conta da decisão do [Flávio] Dino sobre as emendas. Com isso, esse momento de união está sendo criado dentro da Câmara dos Deputados. Além da pressão popular, no momento do impeachment da Dilma, gerou-se um ambiente favorável e um interesse coletivo para que os deputados se unissem a favor da queda. Agora, este mesmo desconforto e ambiente estão sendo gerados, porque o STF está se metendo demais nas questões legislativas e, assim, gerando um desconforto entre os parlamentares de direita e de centro, principalmente.”