Tarek William Saab, procurador-geral da Venezuela, disse que a oposição falsificou as atas eleitorais e não as entregou para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) do país, que analisaria os documentos. Ele proferiu a declaração nesta quarta-feira, 11, em entrevista à CNN.
Saab acrescentou que o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, foi convocado para depor sobre a divulgação das atas. O procurador-geral alegou que a página dedicada a armazenar e divulgadas as atas “usurpou a qualidade e a competência que só corresponde ao Poder Eleitoral Venezuelano”.
“É uma página apócrifa e falsa”, afirmou Saab. “E Edmundo González publica, divulga em suas redes.”
Ao ser interpelado sobre a ausência das atas pelo governo e autoridades eleitorais, Saab assegurou que o STJ realizou uma perícia de três dias, em que o partido no poder entregou suas atas, mas a oposição, não.
O que diz o Judiciário, dominado por Maduro
Em 22 de agosto, o STJ, controlado pelo chavismo, validou o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho, sem detalhar os resultados da investigação.
O CNE não divulgou os resultados detalhados por colégio eleitoral e estação de voto que sustentam a vitória de Nicolás Maduro.
“Poucas horas depois de anunciar que não reconheceriam os resultados apresentados pelo CNE, o senhor Edmundo González Urrutia dirigiu-se à Embaixada da Holanda”, afirmou Saab.
O Ministério Público (MP) da Venezuela emitiu três intimações para que o candidato presidencial da oposição comparecesse a uma audiência sobre a divulgação das atas eleitorais pela oposição.
Saab disse que Edmundo González “assinou com a própria letra, com o seu bilhete de identidade, e não se declarou presidente eleito de nada porque sabia que tinha perdido”.
A saída de Edmundo González da Venezuela ocorreu cinco dias depois de um tribunal ter ordenado sua prisão. O advogado do líder opositor afirmou à CNN que a decisão de Edmundo González de ir para a Espanha foi motivada por “decisões urgentes” para preservar sua vida e liberdade.
Os direitos humanos na Venezuela
Depois de ser apresentado a uma lista de organizações que afirmam que os direitos humanos não são respeitados na Venezuela, Saab se declarou um defensor dos direitos humanos e afirmou que essas organizações “têm dois pesos e duas medidas”.
Segundo dados do governo venezuelano, pelo menos 2,4 mil pessoas foram detidas, incluindo menores, e ONGs relataram a morte de 24 pessoas no contexto da crise política depois das eleições de 28 de julho.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e sua Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão (RELE) condenaram o que chamaram de “práticas de violência institucional” na Venezuela.