SÃO FRANCISCO (Reuters) – A OpenAI, cujos produtos de inteligência artificial generativa inicialmente levantaram receios sobre uma difusão generalizada de trapaças em tarefas escolares, está agora explorando maneiras de incorporar seu popular chatbot ChatGPT às salas de aula, de acordo com um executivo sênior.
O diretor de operações da OpenAI, Brad Lightcap, disse em uma conferência em São Francisco, Califórnia, que a empresa formará uma equipe para explorar aplicações educacionais da tecnologia que tem ameaçado revolucionar setores, gerou novas legislações e se tornou uma ferramenta de aprendizagem popular.
“A maioria dos professores está tentando encontrar maneiras de incorporar (o ChatGPT) à grade curricular e à forma como ensinam”, disse Lightcap na Conferência das Américas, da escola de negócios Insead, na semana passada.
“Nós, da OpenAI, estamos tentando ajudá-los a pensar sobre o problema, e provavelmente no próximo ano estabeleceremos uma equipe com o único propósito de fazer isso”, acrescentou. Os comentários de Lightcap não foram reportados anteriormente.
Apoiada por bilhões de dólares da Microsoft, a OpenAI deu início à febre da inteligência artificial generativa em novembro passado ao lançar seu chatbot ChatGPT, que se tornou um dos aplicativos de crescimento mais rápido do mundo.
Treinada com grandes volumes de dados, a inteligência artificial (IA) generativa pode criar conteúdo completamente novo, semelhante ao humano, ajudando os usuários a redigir trabalhos acadêmicos, concluir tarefas de ciências e até mesmo escrever romances inteiros.
Após o lançamento do ChatGPT, os reguladores correram para se atualizar: a União Europeia revisou sua lei de IA e os Estados Unidos iniciaram esforços para regulamentação da tecnologia.
O lançamento pegou os professores desprevenidos ao perceberem que a tecnologia poderia ser usada como uma ferramenta de trapaça e plágio, o que gerou uma reação negativa e proibições nas escolas.
“Os professores acharam que era a pior coisa que já havia acontecido”, disse Lightcap.
Mas, em poucos meses, os professores começaram a ver como o ChatGPT poderia ser benéfico, segundo ele.
Uma nova equipe na OpenAI seria uma extensão do trabalho que a empresa já tem feito para integrar sua tecnologia à sala de aula.
“Vemos a IA como uma ferramenta impactante que pode ajudar na aprendizagem e na educação, e somos encorajados pelas maneiras como os educadores têm pensado em como ferramentas semelhantes ao ChatGPT podem ser úteis”, disse um porta-voz em comunicado por email.
“Estamos interagindo com educadores em todo o país para informá-los sobre as capacidades do ChatGPT e nosso trabalho contínuo para aprimorá-lo.”
A OpenAI tem estabelecido parcerias com grupos educacionais, como a Khan Academy, para criar um tutor alimentado por IA, e com a Schmidt Futures para conceder subsídios a grupos educacionais em comunidades carentes.
O mercado é grande: as despesas globais com educação e treinamento alcançarão 10 trilhões de dólares até 2030, estima a empresa de pesquisa HolonIQ, com sede em Sydney.
Há inúmeras maneiras de usar o ChatGPT nas salas de aula, disse Andrew Mayne, ex-funcionário da OpenAI que trabalha com educadores por meio de sua consultoria em IA Interdimensional.
Para os alunos, pode ser um tutor ou pode adaptar o conteúdo para diferentes estilos de aprendizado. Para os professores, pode ajudar na elaboração da grade curricular ou ser um auxiliar criativo na sala de aula, criando, por exemplo, introduções em inglês arcaico durante uma aula sobre a Idade Média.
“O ChatGPT não julga você”, disse ele. “Os alunos têm medo de fazer perguntas em sala de aula.”
Outros veem um possível problema de questões de privacidade infantil caso o uso do chatbot seja promovido nas escolas. Em muitos países, diferentes leis de privacidade online se aplicam às crianças. Embora os usuários precisem ter mais de 13 anos para usar o ChatGPT e os pais precisem dar permissão se os usuários tiverem entre 13 e 18 anos, não há verificação de idade em vigor na maioria dos países.
(Reportagem de Anna Tong)
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