sexta-feira, novembro 22, 2024
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Ondulações no manto da Terra influem no relevo dos continentes

Um artigo publicado quarta-feira (7) na revista Nature diz que que os altos planaltos que se erguem no interior dos continentes se formam devido a processos que ocorrem dentro da Terra, a centenas de quilômetros de profundidade. 

De acordo com a pesquisa, à medida que os continentes se fragmentam, imensas paredes de penhascos surgem nas áreas onde a crosta terrestre se separa. Esse rompimento provoca uma movimentação na camada intermediária da Terra, o manto, que lentamente empurra material em direção ao interior dos continentes ao longo de milhões de anos, contribuindo para a formação de platôs elevados.

Já é de conhecimento geral entre os geólogos que a fragmentação dos continentes tem relação com a criação de enormes escarpas, como as que separam o Vale do Rift, na África Oriental, do planalto etíope. Essas escarpas, que podem se estender por centenas de quilômetros, frequentemente margeiam planaltos elevados que emergem dos crátons, os núcleos antigos e estáveis dos continentes.

No entanto, como essas escarpas e planaltos se formam em períodos que podem variar de dezenas de milhões a até 100 milhões de anos, muitos cientistas acreditavam que processos diferentes estariam por trás dessas formações, como explica Thomas Gernon, geocientista da Universidade de Southampton, no Reino Unido, ao site Live Science.

Cristas de arenito do Monte Roraima, formação influenciada pelas ondulações mo manto terrestre, segundo estudo. Crédito: Caio Pederneiras – Shutterstock

Equipe analisou escarpas costeiras do último supercontinente da Terra

No novo estudo, Gernon e sua equipe analisaram três escarpas costeiras que surgiram durante a separação de Gondwana, o último supercontinente da Terra. A primeira, na Índia, estende-se ao longo dos Gates Ocidentais por cerca de 2.000 quilômetros. A segunda, no Brasil, circunda o planalto das Terras Altas por cerca de 3.000 quilômetros. A terceira, na África do Sul, contorna o Planalto Central, com impressionantes 6.000 quilômetros de extensão. Nessas regiões, os planaltos podem atingir alturas de mais de um quilômetro.

Quadros de simulações mostrando diferentes estágios na evolução do modelo de 30 milhões de anos antes da quebra (a) a 50 milhões de anos após a separação (e). Crédito: Gernon, T.M., Hincks, T.K., Brune, S. et al.

Os pesquisadores usaram mapas topográficos para mostrar que essas escarpas estão alinhadas com as fronteiras continentais, sugerindo que foram formadas pelo processo de separação continental. Simulações de computador indicaram que essa separação perturba o manto, gerando ondas profundas que se movem em direção ao interior dos continentes.

Além disso, a equipe analisou dados minerais e descobriu que a elevação dos planaltos coincidiu com a migração das ondas no manto, indicando que ambos os processos são desencadeados pela ruptura dos continentes.

A movimentação do manto, embora lenta, com uma progressão de apenas 15 a 20 quilômetros a cada milhão de anos, foi suficiente para remodelar drasticamente a paisagem. Conforme essas ondas avançam, elas enfraquecem as raízes que ancoram os continentes, tornando os crátons mais leves e flutuantes, o que leva à elevação dos planaltos.

Esse processo pode explicar a formação de outras escarpas e planaltos ao redor do mundo, como na Carolina do Norte e do Sul, nos EUA, ou ao sul de Camarões. Esses locais, embora menos dramáticos, possivelmente passaram por processos semelhantes, mas em épocas anteriores, o que permitiu à erosão apagar muitos dos traços da elevação original.

Via Olhar Digital

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