Na corrida pelo turismo espacial, todos os bilionários têm o mesmo destino: para cima. Mas o quão para cima? Isso depende de quem dará a resposta.
O limite estabelecido para afirmar que alguém deixou a Terra e adentrou o espaço sideral não é claro nem bem definido, mas se convencionou chamá-lo de linha de Kármán.
O nome vem do engenheiro e físico húngaro-americano Theodore von Kármán, que trabalhava com engenharia de foguetes e procurou descobrir em que altura, a partir da superfície terrestre, as aeronaves não precisavam mais contar com a força do lançamento para permanecerem suspensas no céu.
Embora Kármán nunca tenha publicado seu trabalho, seus cálculos foram utilizados posteriormente e a linha que passou a delimitar o início do espaço foi batizada em sua homenagem.
No entanto, a definição da linha de Kármán costuma flutuar entre 80 km e 100 km a partir da Terra, sem que um consenso tenha sido estabelecido oficialmente.
A atmosfera terrestre não acaba de maneira repentina e a densidade do ar em uma mesma altura varia ao longo do tempo, portanto não é possível definir cientificamente com precisão onde o espaço começa.
No início dos anos 1960, a Força Aeronáutica Internacional (FAI) adotou como padrão o limite de 100 km para o início do espaço. No entanto, a Nasa e a Força Aérea dos Estados Unidos costumam adotar o limite de 80 km. A linha acabou virando uma convenção para separar assuntos de aeronáutica e de astronáutica.
O debate entre qual altura estaria mais “correta” se intensificou nos últimos anos com a nova corrida espacial privada entre bilionários. A variação da linha de Kármán poderia mudar as condições que definem quem já esteve no espaço ou não.
Em 2018, a própria FAI emitiu um comunicado dizendo que “análises publicadas recentemente apresentam argumentos científicos convincentes para a redução da altitude de 100 km para 80 km” e que pretendia estudar melhor e debater a possível mudança com a Federação Internacional Astronáutica.
A maior parte dos países segue adotando o limite de 100 km.
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