Durante entrevista à Rádio Bandeirantes, o ator Pedro Cardoso criticou o sertanejo moderno e afirmou que esse gênero musical representa a ascensão do “fascismo” no Brasil.
“A música que erroneamente hoje chamam de sertanejo é, na verdade, uma música urbana financiada pela agricultura brasileira”, afirmou Pedro Cardoso. Ele acrescentou que esse gênero musical, com temas recorrentes de “traição e masculinidade”, é fortemente influenciado pela música country dos Estados Unidos e perdeu suas raízes culturais.
Pedro Cardoso argumentou que essa dependência cultural norte-americana reflete um fenômeno mais amplo, impulsionado pelo agronegócio brasileiro. Ele destacou que o sertanejo moderno não representa mais o sertão, mas sim uma “temática completamente monótona e de baixíssima inspiração”, promovida por uma indústria voltada para o lucro.
Durante entrevista à Rádio Bandeirantes, o ator Pedro Cardoso criticou a música sertaneja moderna e afirmou que o gênero representa a ascensão do “fascismo” no Brasil pic.twitter.com/fKSMCiUpuo
— Revista Oeste (@revistaoeste) October 17, 2024
O ator destacou a necessidade de uma maior regionalização das produções culturais no Brasil e enfatizou que o sertanejo, tal como é conhecido hoje, não reflete mais a diversidade cultural do país. “Essa é a música do fascismo brasileiro”, concluiu o artista, ao explicar que a repetição de temas como masculinidade e fidelidade feminina contribui para uma visão autoritária do mundo.
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O ator também acredita que a estética dos megashows sertanejos segue o modelo dos grandes eventos norte-americanos, o que evidencia, em sua opinião, como a cultura brasileira tem sido moldada por influências estrangeiras. “Importaram o layout do show; a estética perdeu todas as características brasileiras”, comentou.
Pedro Cardoso tem histórico de polêmicas
Em agosto, Pedro Cardoso disparou críticas ao economista Delfim Netto e ao apresentador Silvio Santos, mortos dias antes de suas declarações. O ator, conhecido por seu trabalho em A Grande Família, afirmou que é justo que a dor dos familiares seja respeitada, mas diz que ambos foram “abusadores do Brasil que serviram à ditadura militar”.
Pedro Cardoso aproveitou seu desabafo para criticar Elon Musk, empresário bilionário responsável por administrar o Twitter/X. “Elon, outro soldado do autoritarismo, revoltadinho com a soberania brasileira do STF, faz teatro de que se vai”, escreveu o ator, em referência à retirada da administração da rede social do Brasil por discordância com o Supremo Tribunal Federal.
Meses antes, em fevereiro deste ano, Cardoso se queixou de ter sido “apagado” da história da TV Globo, onde trabalhou por 26 anos. Ele criticou a escolha de uma imagem que teria aparecido no serviço de streaming Globoplay, em que ele é cortado do cartaz da série.
“Me insurjo contra a ilegalidade legalizada do direito autoral desde o meu primeiro dia na profissão e acumulo derrotas”, disse o ator. “O apagamento da minha figura no cartaz promocional de A Grande Família não é acidental, é determinação de me apagar da história.”
“A imprensa cultural do Brasil se dedica mais à fofoca dos ‘famosos’ e suas vidas particulares do que a assuntos consequentes da vida cultural”, disse Pedro Cardoso. “Faz dinheiro mais fácil falar sobre coisa alguma do que sobre a realidade do país.”
Depois das reclamações feitas por Pedro Cardoso, a emissora substituiu a foto ilustrativa de A Grande Família e manteve apenas Marco Nanini e Marieta Severo, protagonistas da série.