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O Saara está ficando mais verde — e esse é um problema para o clima

O Saara, localizado no norte da África, é conhecido como o maior deserto quente do mundo. Trata-se de um ambiente extremo para o desenvolvimento de plantas e animais. Só que este mesmo local está registrando um crescimento da vegetação recentemente.

Cientistas explicam que este fenômeno, que está sendo chamado de “esverdeamento”, tem ocorrido ao longo dos milênios, com períodos de maior ou menor crescimento da vegetação. E um novo estudo aponta as consequências disso para o planeta.

Aumento da umidade possibilitou o crescimento da vegetação

  • Um dos momentos de expansão da flora no Saara ocorreu entre 5 mil e 11 mil anos atrás, durante a primeira metade do Holoceno.
  • O aumento da radiação solar durante o verão boreal, entre junho e agosto, causou mudanças na sazonalidade nos trópicos e nas latitudes médias e altas.
  • Isso provocou o fortalecimento das monções no hemisfério norte, o que desempenhou um papel importante no aumento da umidade em África.
  • Foi neste contexto que foram criadas as condições propícias ao crescimento de arbustos perenes no Saara.
Vegetação no Saara está crescendo nos últimos meses (Imagem: Alex Vog/Shutterstock)

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Modificações duraram milhares de anos no passado

Agora, uma nova pesquisa publicada na revista Climate of the Past utilizou simulações de modelos climáticos para reconstruir o impacto deste processo de “esverdeamento” do Saara nas latitudes médias durante o Holoceno médio.

A conclusão é que o fenômeno pode gerar um impacto durante todo o ano na circulação atmosférica no hemisfério norte. Em outras palavras, o tempo ficará mais quente e seco na Escandinávia e na América do Norte. Estão previstos invernos mais frios e verões mais quentes na Europa Ocidental, aquecimento geral na Europa Central, mais frio e chuva no Mediterrâneo, além de invernos mais quentes e verões mais frios com aumento de chuvas ao longo do ano na Ásia Central.

Mudanças no deserto podem provocar consequências em outras partes do mundo (Imagem: BiniClick/Shutterstock)

Os pesquisadores também identificaram uma mudança na Oscilação do Atlântico Norte, onde mudanças na pressão do nível do mar na superfície ao longo desta bacia oceânica levam a padrões modificados de temperatura e precipitação em continentes próximos.

No passado, o fenômeno causou modificações que duraram milhares de anos devido a uma redução de 80% nas emissões de poeira, bem como a uma diminuição no albedo (capacidade de um objeto ou superfície refletir a luz solar), o que aumentou o aquecimento tropical. Houve também maior reciclagem de água devido à presença de mais vegetação, o que manteve as condições de seca sob controle.

Via Olhar Digital

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