quinta-feira, novembro 21, 2024
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O que um dedo de bruxa, um papel e uma sacola têm em comum?

O título é excêntrico mesmo – e não tinha como ser diferente. Como um daqueles dedos de borracha, daqueles de fantasia de bruxa no Halloween, chega até a barriga de uma tartaruga marinha no Mediterrâneo? Ninguém sabe, mas aconteceu.

É o que mostrou um estudo da Universidade de Exeter, na Inglaterra. Os cientistas monitoraram a situação de 135 animais dessa espécie que foram levados pela água ou acidentalmente apanhados em redes de pesca ao norte de Chipre, no leste do Mar Mediterrâneo.

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As análises dos animais reveleram um resultado assustador: mais de 40% das tartarugas continham “macroplásticos”, ou seja, pedaços maiores que 5 milímetros, provenientes de diversas fontes.

Um total de 492 peças macroplásticas foram encontradas no corpo das tartarugas, incluindo 67 peças localizadas dentro de um único indivíduo. O objeto mais diferente foi esse dedo de bruxa.

Tartarugas foram encontradas mortas – Imagem: Divulgação/Universidade de Exeter

O estudo, publicado na revista Marine Pollution Bulletin, demonstra como os plásticos que as pessoas jogam na rua ou na água, aparentemente inofensivos, podem entrar nos ambientes marinhos e impactar tragicamente a vida dentro deles.

Confundidos com alimento

Mas como uma tartaruga-marinha-comum comeu um plástico ou o dedo de bruxa? A principal autora do estudo responde:

“A jornada daquele brinquedo de Halloween é um vislumbre fascinante do ciclo de vida dos plásticos. Essas tartarugas se alimentam de presas gelatinosas, como águas-vivas, e presas do fundo do mar, como crustáceos, e é fácil para ver como esse item poderia se parecer com uma garra de caranguejo”, disse a Dra. Emily Duncan.

Os pesquisadores perceberam um padrão nos plásticos engolidos pelos animais:

  • cerca de 62% dos macroplásticos eram semelhantes a folhas;
  • 41% eram transparentes;
  • e 25% eram brancos.

Os biólogos explicam que esse lixo possui características muito parecidas com uma das principais presas da tartaruga: a água-viva.

Uma água-viva pode ser muito parecida com uma sacola plástica – Imagem: Katherine Wallis/Shutterstock

Os cientistas ainda não têm certeza de como esses plásticos no estômago podem afetar a vida desses animais. A principal suspeita, no entanto, é que eles possam bloquear o sistema digestivo deles, prejudicando a alimentação, podendo levar à morte.

Tartarugas marinhas como bioindicadores?

O estudo da universidade britânica também levanta uma outra possibilidade a partir dos dados colhidos: usar as tartarugas marinhas como uma espécie de bioindicador.

É um pouco triste pensar dessa maneira, mas funcional. A quantidade de lixo ingerido pode mostrar o quanto uma região está poluída.

Os cientistas afirmam que, se a humanidade quiser enfrentar o problema, é preciso compreender os diferentes níveis de poluição plástica nos mares do mundo – e as tartarugas poderiam ajudar nesse trabalho.

Lembrando que esse é apenas um tópico levantado no artigo. No mundo ideal, nenhum tartaruga teria comido macroplásticos.

As informações são do IFL Science.

O plástico demora séculos para se decompor – Imagem: Mr.anaked – Shutterstock

Tempo de decomposição de materiais

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), esse tempo varia bastante de acordo com o tipo de material. E, em relação ao plástico, estamos falando em séculos de espera até que ele se dissolva no meio ambiente:

  • De acordo com a Fiocruz, as embalagens de papel comuns demoram de 3 a 6 meses para se decomporem.
  • Já os fósforos e pontas de cigarros demoram aproximadamente 2 anos.
  • Um chiclete que muito gente cospe direto no chão demora 5 anos para se decompor.
  • Uma tampa de garrafa, daquelas de plástico mais duro, demora 150 anos.
  • Uma latinha de alumínio, daquelas de cerveja que o povo bêbado joga na rua, demora de 200 a 500 anos para se decompor.
  • O isopor também demora uma eternidade: 400 anos.
  • Tempo parecido com o plástico: 450 anos.
  • O campeão, no entanto, é o vidro – de acordo com a Fiocruz, ele demora um milhão de anos para se decompor totalmente.

Via Olhar Digital

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