A queda do avião da Jeju Air é o pior acidente aéreo já registrado em território sul-coreano, relata a Folha de S. Paulo. Com 181 pessoas, o Boeing 737-800 fez um pouso forçado no Aeroporto Internacional de Muan, Coreia do Sul, neste domingo, 29 (horário local), sem o uso do trem de pouso. Colidiu com um muro de alvenaria e explodiu em seguida, causando a morte de 179 pessoas.
As investigações sobre o que causou o desastre ainda estão em andamento, conforme lembra o jornal. Conheça algumas informações que poderão ajudar a esclarecer as causas da tragédia.
O que houve?
Neste domingo por volta das 9h da manhã, o Boeing 737-800 da Jeju Air, vindo de Bangkok, na Tailândia, fez um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Muan, sem utilizar o trem de pouso.
Imagens do incidente mostram o avião avançando rapidamente pela pista e atingindo um muro de alvenaria no final, gerando uma grande explosão. Testemunhas relataram que essa foi a segunda tentativa de pouso da aeronave. Ela tocou o solo em alta velocidade, longe do início da pista.
Qual é o número de mortos?
Entre as 181 pessoas a bordo (seis eram tripulantes), 179 perderam a vida. Inicialmente, os socorristas haviam confirmado a morte de cerca de 20 passageiros, mas o número aumento rapidamente. No domingo, foi confirmado pelos bombeiros que apenas duas pessoas sobreviveram ao acidente.
Quais as causas do acidente?
Ainda não há uma explicação definitiva para o desastre. As investigações sobre as caixas-pretas, recuperadas no domingo, podem levar meses. As autoridades sul-coreanas analisam a possibilidade de que a aeronave tenha colidido com aves durante a aproximação do aeroporto.
A torre de controle emitiu um alerta para uma revoada de pássaros dois minutos antes de o piloto declarar emergência e seis minutos antes da explosão. Além disso, um passageiro enviou uma mensagem a um familiar na qual disse que havia visto um pássaro preso na asa do avião.
O que afirmam os especialistas?
Muitos especialistas em segurança aérea questionam essa teoria, acrescenta a Folha. Eles argumentam que um choque com pássaros não seria suficiente para impedir o uso do trem de pouso.
Para eles, mesmo que uma ave tivesse sido sugada pela turbina, o motor não falharia de imediato e os pilotos, em tese, teriam tempo para realizar manobras, como voar em círculos, para reduzir combustível e minimizar o risco de uma explosão.
O avião, no entanto, pousou sem o trem de pouso, e a aeronave não perdeu velocidade durante a aterrissagem, avançando rapidamente em direção ao muro de alvenaria. Também há questionamentos sobre a falta de medidas de segurança na pista, como a ausência de espuma para retardar a aeronave e a demora na chegada dos socorristas.
Qual foi a reação das autoridades?
O governo da Coreia do Sul, enfrentando uma crise política, declarou luto oficial de sete dias. O CEO da Jeju Air, Kim E-bae, emitiu um breve comunicado em que pede desculpas às famílias das vítimas e afirma que a empresa está voltada ao apoio a elas neste momento.
O Ministério dos Transportes e Infraestrutura, por sua vez, não fez pronunciamento sobre a causa do acidente. Descartou que o comprimento da pista, de 2,5 quilômetros, tenha sido um fator determinante para o desastre.
Qual a marca e o modelo da aeronave?
O avião que explodiu era um Boeing 737-800, uma das versões mais utilizadas da linha 737 da fabricante norte-americana. O The New York Times informa que esse modelo representa cerca de 15% da frota global de aviões comerciais, com aproximadamente 4.4 mil unidades em operação.
Lançado em 1994, o 737-800 tem capacidade para até 186 passageiros. Também pode ser adaptado para transporte de carga. A Boeing afirmou que colabora com as autoridades sul-coreanas para descobrir as causas do acidente.
Este é o pior acidente aéreo na Coreia do Sul?
Sim, este é o acidente aéreo mais mortal da história da Coreia do Sul, dentro do país. E é o pior, envolvendo linhas aéreas sul-coreanas, desde 1997, quando um voo da Korean Air caiu perto do aeroporto de Guam, na Micronésia, matando 228 dos 254 passageiros.
O pior acidente na história da aviação sul-coreana ocorreu em 1983, quando um avião da Korean Airlines foi derrubado por caças soviéticos após entrar no espaço aéreo da União Soviética, matando todos os 269 passageiros a bordo.
Inicialmente, os soviéticos negaram a autoria, mas, depois, admitiram que derrubaram o avião por não terem recebido retorno de mensagens pelo rádio. Constatou-se depois, em investigação, que o rádio do voo apresentou falhas.
Este incidente se tornou um dos momentos mais tensos da Guerra Fria. Entre os mortos, estava um membro da Câmara dos Representantes dos EUA, Larry McDonald, que ia à Coreia do Sul para um evento.