Tudo sobre TikTok
A noite de terça-feira (23) foi agitada no Congresso dos EUA e no TikTok. Enquanto senadores votavam a lei que poderia banir a rede social do país, usuários postavam (em tempo real mesmo) suas reações e opiniões na plataforma. E o New York Times publicou um apanhado do que legisladores, usuários e criadores de conteúdo contrários à legislação postaram na rede social.
Antes, contexto: o Senado estadunidense aprovou uma versão revisada da lei do TikTok, vinculada a um pacote para fornecer ajuda a Israel e Ucrânia nas suas respectivas guerras. E o presidente Joe Biden sancionou a lei na quarta-feira (24). A legislação obriga a ByteDance, dona do TikTok, a vender o aplicativo para uma entidade dos EUA dentro de 12 meses. Se a companhia não cumprir a exigência, sua rede social pode ser banida dos EUA.
Repercussão do banimento do TikTok…no TikTok
Confira abaixo o apanhado (resumido) publicado pelo jornal dos posicionamentos, postados na rede social, de legisladores, usuários e creators contrários ao banimento do TikTok nos Estados Unidos:
Legisladores
O deputado democrata da Califórnia Ro Khanna, espécie de representante do Vale do Silício, postou diversos vídeos contra a lei antes e depois do texto ser votado na Câmara (onde foi aprovada no sábado, 20).
“Eu votei não hoje no projeto de lei para banir o TikTok porque prejudica a liberdade de expressão de criadores, ativistas, organizadores e proprietários de pequenas empresas que dependem do aplicativo para ter suas vozes ouvidas,” disse o deputado numa declaração após a votação da Câmara dos Deputados dos EUA.
O deputado democrata de Nova York Jamaal Bowman disse que banir o TikTok significaria silenciar as vozes dos jovens. Num vídeo postado no sábado, Bowman pediu reforma abrangente das redes sociais em vez de apenas mirarem o TikTok. “A Câmara mostra desconexão completa entre o que estamos fazendo na Câmara e o que está acontecendo no mundo real com os jovens”, disse o deputado.
Usuários
Nesta, digamos, categoria, a reportagem do NYT cita Rebekah Ciolli, de 35 anos, mãe de três filhos, dona de casa e “tiktokeira” desde começo de 2023. Antes disso, ela ansiava pelo banimento da plataforma porque não “precisava de outro aplicativo de rede social consumindo sua vida”.
Agora, Rebekah passa algumas horas no aplicativo todos os dias, tanto postando quanto buscando conteúdo e usuários com interesses semelhantes. Para ela, perder o TikTok significaria perder uma comunidade. “Há todas essas mães ao redor do mundo de quem sou amiga, mesmo que nunca as tenha encontrado pessoalmente. Definitivamente ficarei triste em perder isso”, disse ela em entrevista ao jornal.
Criadores de conteúdo
Ariana Afshar geralmente produz conteúdo sobre notícias políticas. Após a Câmara aprovar a legislação sobre o TikTok, ela se filmou em frente a uma captura de tela da cobertura da CNN sobre a lei para explicar a votação. E acrescentou: “isso só vai prejudicar a confiança que as pessoas têm no governo”.
A maior parte da audiência de Ariana é composta por jovens. E a creator teme que a lei desencoraje os jovens a votar nas eleições presidenciais de 2024. “A geração mais jovem já está bastante irritada com esta administração [de Biden]. O efeito cascata vai ser muito maior do que os legisladores estão calculando”, disse ela, em entrevista.
Além disso, muitos criadores de conteúdo tiram seu sustento do TikTok. Esses levantaram seus negócios na plataforma – e a rede social é o canal direto com seus clientes. Por isso, a incerteza em torno da situação da rede social no país tem causado muita preocupação.
“Está afetando tudo, até mesmo nosso planejamento financeiro”, disse Nadya Okamoto, fundadora da August, vendedora de produtos menstruais sustentáveis e conhecida por seu conteúdo sobre saúde menstrual. “Conseguimos crescer organicamente. E o que é assustador é que, como proprietários de pequenas empresas, não sabemos como será daqui para frente”, contou Nadya.
V Spehar, que administra a conta de agregação e análise de notícias @UnderTheDeskNews no TikTok, postou dez vídeos na última semana sobre a legislação e o possível banimento da rede social. Spehar disse a seus mais de três milhões de seguidores que a votação da lei era uma maneira pela qual o governo abusa “das alavancas de poder que possuem para aprovar uma legislação profundamente impopular entre o público americano.”