sexta-feira, novembro 22, 2024
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O que o fim da missão Chandra, da NASA, significa para a ciência

Conforme noticiado pelo OlharDigital, a NASA anunciou seu orçamento para 2025 (acesse aqui), mantendo a cifra de US$25.383.700.000, mesmo valor de 2023 e deste ano. Embora possa parecer uma quantia astronômica, esse montante representa menos de 0,4% do orçamento total dos EUA para o ano que vem – e pode significar o começo do fim da missão do Observatório de Raios-X Chandra.

Progressivamente, a verba destinada a esse telescópio vai diminuir. O orçamento cairá de US$41,1 milhões em 2025 para US$26,6 milhões em 2026, por exemplo.

Embora esteja prestes a completar 25 anos em julho, o Chandra continua a fornecer observações de alta qualidade do universo em raios-X, superando até mesmo observatórios mais recentes. A NASA planeja manter o telescópio com um orçamento de apenas US$5,2 milhões até 2029.

O Observatório de Raios-X Chandra foi lançado pela NASA em 1999. Imagem: NASA

Na semana passada, uma carta foi publicada no site oficial da missão, assinada por Patrick Slane, diretor do Centro de Raios-X Chandra. No documento, ele afirma que a equipe está comprometida a “defender fortemente o apoio total contínuo do Chandra, que a comunidade astrofísica reconhece como uma instalação altamente funcional que fornece ciência transformacional e apoio crucial para muitos dos principais objetivos astrofísicos da NASA”.

Por que a NASA vai diminuir a verba do Chandra

Segundo a agência, a redução no financiamento do Chandra é necessária devido à deterioração gradual da espaçonave ao longo do tempo, o que aumenta os custos de manutenção. 

No entanto, a proposta de orçamento para os próximos anos indica um cenário desafiador, deixando muitos astrônomos perplexos e preocupados com os rumos da pesquisa científica.

Desde seu lançamento em 1999, o Observatório Chandra tem sido um aliado importante para os cientistas, revelando segredos cósmicos por meio de imagens de alta resolução em raios-X. Seu papel na compreensão de buracos negros e eventos estelares tem sido fundamental, fornecendo dados valiosos que moldam nossa visão do Universo. 

Uma visão real do Observatório de Raios-X Chandra depois de ser implantado pela missão STS-93 do ônibus espacial Columbia em 23 de julho de 1999. Crédito: NASA

A notícia do corte orçamentário abalou a comunidade científica, especialmente os pesquisadores que dependem do Chandra para suas investigações. A possibilidade do fim da missão deixou muitos em estado de choque, diante da perspectiva de perder uma ferramenta tão vital para a exploração espacial. “Mas a energia para reverter essa decisão é alta”, garantiu Slane ao site Space.com.

Decisão final da agência ainda está pendente

Segundo Slane, a capacidade única do Chandra de capturar imagens de alta resolução em raios-X ofereceu uma visão sem precedentes de fenômenos cósmicos, como nunca antes visto. Sem ele, os pesquisadores enfrentariam dificuldades significativas.

Embora existam outros projetos em desenvolvimento, como o observatório de raios-X Athena, da Agência Espacial Europeia (ESA), eles ainda não conseguem igualar a qualidade e a precisão do Chandra. Além disso,esses projetos também têm sofrido seus próprias restrições de financiamento.

“O observatório de raios-X Athena, que está sendo desenvolvido pela ESA – embora atualmente sofra pressões orçamentárias próprias – forneceria muitas capacidades semelhantes, com área de coleta muito maior, mas com resolução angular que ficará aquém das capacidades de imagem requintadas do Chandra”, disse Slane.

A decisão final sobre o destino do Chandra ainda está pendente, devendo ser anunciada no próximo mês, mas as perspectivas não são promissoras. O orçamento proposto pela NASA reduziria drasticamente os recursos disponíveis para manutenção e operação, tornando cada vez mais difícil manter a missão em andamento. Os cientistas aguardam ansiosamente por uma solução que preserve o legado do Chandra e permita que a ciência continue avançando.

Futuro da pesquisa de buracos negros está ameaçado

Slane explica que a possível desativação do Chandra também levanta preocupações sobre o futuro da pesquisa em buracos negros. Os cientistas lutam para entender esses fenômenos misteriosos e fundamentais para a compreensão do Universo, e sem o Chandra, suas investigações podem ser interrompidas, deixando questões importantes sem resposta.

Jonathan McDowell, astrônomo do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, expressou sua frustração no X (antigo Twitter), compartilhando a preocupação de muitos de seus colegas com seus empregos. Ele enfatizou a importância contínua do Chandra para a pesquisa científica e lamentou a possibilidade de sua desativação.

“Dia bastante deprimente no trabalho hoje, com muitos funcionários atualizando seus currículos enquanto lidamos com a decisão da NASA de desligar o Chandra, o único telescópio espacial de raios-X de alta resolução do mundo, ainda retornando fabulosas descobertas científicas. Ainda torcendo para que isso possa ser revertido”, publicou.

Na mesma plataforma, Dan Wilkins, astrofísico do Instituto Kavli de Astrofísica de Partículas e Cosmologia da Universidade de Stanford, destacou o valor contínuo das descobertas feitas com o Chandra.

“O pedido de orçamento Ano Financeiro 24/25 da NASA encerra a missão Chandra. Isso seria um golpe devastador para a astrofísica nos EUA. Após 24 anos de lançamento, Chandra ainda está fazendo ciência extremamente impactante, agregando enorme valor aos programas Telescópio Espacial James Webb e sendo vital na era da astronomia no domínio do tempo”.

Em resumo, a desativação do Chandra representaria não apenas a perda de um observatório espacial valioso, mas também um golpe para a exploração científica e para a compreensão do Universo. 

Via Olhar Digital

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