A pressão por anistia aos acusados de envolvimento no 8 de janeiro está longe de passar despercebida pelos ministros do Supremo Tribunal Federal e pela cúpula do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até mesmo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está envolto da discussão sobre o assunto.
Na sexta-feira 11, veio a público a informação de que o presidente da Câmara articula um acordo com o Palácio do Planalto e com integrantes da Suprema Corte para tratar da anistia. Antes de levar o assunto ao Supremo, Motta compartilhou com os líderes da Câmara o teor das conversas.
“O presidente Hugo me disse que iria buscar algum tipo de acordo”, afirmou o líder do Partido Liberal (PL) na Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). “Algum caminho com os ministros, para soltar as pessoas presas pelo 8 de janeiro.”
Sóstenes respondeu a Motta que não vê possibilidade de negociar com o Supremo. “Não acho que soltando essas pessoas agora o STF estaria reconhecendo o erro”, disse o líder do PL. “Não acredito que isso é correção de injustiça diante de tudo que ocorreu a essas pessoas até aqui e também não acredito que os ministros estejam dispostos a isso.”
Anistia no balcão de negociações
Interlocutores do Congresso veem na estratégia de Motta uma tentativa de agradar “gregos e troianos”. O chefe da Câmara tem feito movimentos distintos junto ao PL e ao PT, o que lhe rendeu fama de quem “acende uma vela para Deus e outra para o diabo”.
Segundo Sóstentes, o presidente da Câmara busca ganhar tempo “em busca de uma solução que não terá”.
A pressão por uma definição se acentua na esteira do desgaste do Supremo. O governo Lula tenta descredibilizar a pauta da anistia para desviar o foco de denúncias de corrupção e de aparelhamento do Estado.
Hugo Motta passou a enfrentar uma crescente pressão política e institucional diante do avanço do debate sobre a anistia na Câmara. Ele foi citado em investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre supostos desvios de emenda parlamentar.