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O passado roqueiro (e misógino) de Silvio Almeida

Denunciado por assédio sexual, o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, tem um passado musical na década de 1990 como guitarrista da banda Delito. O grupo, que tocava rap metal, tinha influências de bandas como Body Count, Rage Against the Machine e Suicidal Tendencies. As informações são do jornal Gazeta do Povo.

Em 2020, Almeida revelou no Twitter/X que dois músicos do Delito também tocaram na banda paulista Velhas Virgens, conhecida por suas canções controversas. As letras dessas bandas, assim como as de Body Count e Racionais MC’s, frequentemente continham temas ofensivos às mulheres, apesar de seus discursos contra o racismo e a “opressão policial”.

As músicas do Body Count, por exemplo, trazem títulos e temas impróprios, como KKK Bitch, Evil Dick e Momma’s Gotta Die Tonight. A primeira fala sobre um homem negro fascinado pelo desempenho sexual de filha de um membro da Ku Klux Klan, enquanto a segunda narra a traição de um parceiro culpando sua genitália. A terceira descreve um matricídio brutal.

No Brasil, os Racionais MC’s também têm faixas polêmicas, como Mulheres Vulgares e Estilo Cachorro, que geram críticas feministas. Versos como “Mulheres só querem, preferem o que as favorecem / Dinheiro, Ibope, te esquecem se não os tiverem” ilustram essa faceta misógina, que os rappers explicam como fruto de um contexto de juventude e inexperiência.

Com a banda Delito sem registros fonográficos ou audiovisuais, não se sabe quais músicas Almeida e seus colegas tocavam. A dúvida persiste, especialmente agora, com o ex-ministro enfrentando denúncias e uma investigação iminente da Polícia Federal.

A carreira de Silvio Almeida

israel hamas - silvio almeida | O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, durante evento na UFPR - 10/10/2023 | Foto: Cassiano Rosário/Estadão Conteúdo
O ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, durante evento na UFPR – 10/10/2023 | Foto: Cassiano Rosário/Estadão Conteúdo

Antes de ser ministro, Silvio Almeida, advogado e acadêmico, notabilizou-se pela defesa de grupos minoritários e possui um amplo currículo acadêmico. Graduado em Direito e Filosofia, tem mestrado e doutorado em Direito Político e Econômico e Filosofia e Teoria Geral do Direito.

Almeida ganhou notoriedade com o livro Racismo Estrutural, publicado em 2019, adotado amplamente por professores, mas criticado por falta de base científica e por incitar conflitos raciais. Ele se tornou comentarista e entrevistador no YouTube, onde produziu 130 conteúdos entre 2020 e 2023, antes de assumir o ministério.

Além do racismo, Almeida discute neoliberalismo, filmes de terror, videogames e quadrinhos em seus vídeos, sempre com uma abordagem politizada.

Ele já entrevistou figuras da esquerda como Lázaro Ramos, Emicida, Leonard Boff, Ailton Krenak e Mano Brown em seu canal. “Você foi meu professor”, disse Almeida a Mano Brown, durante uma live. “Muitas decisões que tomei na vida, na academia e na advocacia foram ouvindo os Racionais. Vocês me educaram”.

Ministro é demitido depois de denúncia de assédio sexual

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu, nesta sexta-feira, 6, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. A ação do chefe do Executivo ocorre depois que o portal Metrópoles revelou acusações de assédio sexual contra Almeida.

Entre as vítimas estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. O ministro nega todas as acusações. Anielle ainda não comentou o caso.

As denúncias contra o ministro foram reveladas pela organização Me Too Brasil, que alegou que as “vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional para a validação de suas denúncias”. “Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”, informou a entidade.

A Comissão de Ética da Presidência da República abriu de ofício uma investigação para apurar as denúncias recebidas pela Me Too Brasil. O caso também vai ser investigado pela Polícia Federal.

Via Revista Oeste

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