Um simpósio internacional foi realizado entre os dias 21 e 22 de março para decidir o futuro da Lua. O encontro discutiu sobre como proteger o lado oculto da satélite, reservando-o apenas a fins científicos.
O Simpósio de Proteção do Lado Distante da Lua da IAA foi organizado pela União Astronômica Internacional (IAA) em Torino, na Itália. As discussões contaram com líderes de pensamento em ciência, engenharia, política espacial e legislação espacial e tinham a intenção de desencadear um alerta.
O lado oculto da Lua
A Lua tem a capacidade natural de se proteger das ondas de rádio geradas pelas vibrações da Terra e do seu entorno. No entanto, com o ritmo acelerado das missões lunares, o satélite pode perder para sempre a sua condição de silêncio de rádio.
Assim, Cláudio Maccone, do Instituto Nacional de Astronomia, da Itália, sugeriu que uma zona protegida fosse criada na Lua. Em 2021, o IAA criou um conselho permanente para proteger o lado oculto do satélite, que tem Maccone como diretor técnico.
O lado oculto da Lua é um ambiente livre de poluição eletromagnética vinda da Terra. Dessa forma, diversos ramos da ciência podem se beneficiar com isso, permitindo observar até mesmo as mais baixas frequências de rádio.
- Cosmologia: o lado oculto da Lua pode fornecer um ambiente ideal para a detecção de radiação extremamente fraca da linha de hidrogênio;
- Astrobiologia: o outro lado do satélite também pode permitir o uso de radiotelescópios para detectar as linhas espectrais de moléculas interestelares pré-biológicas;
- Defesa Planetária: observatórios podem ser instalados do outro lado para medições precisas de objetos próximos à Terra, aumentando a chances de detecção e de emissão de alerta sobre alguma rocha espacial que possa estar vindo para a Terra;
- SETI e assinaturas tecnológicas: o outro lado também pode permitir procurar por assinaturas de baixíssimo ruído de civilizações alienígenas distantes.
Novo acordo internacional
Atualmente, existem regulamentações e resoluções internacionais destinadas a proteger a Lua, como os regulamentos de rádio da União Internacional de Telecomunicações (UIT). No entanto, segundo Maccone, em resposta a Space.com, é preciso que essas regulamentações virem tratados aplicáveis e vinculativos para todas as agências espaciais e empresas privadas.
Ele ainda aponta que a permanência do silêncio do outro lado da Lua só poderá ser alcançada com esforços de todas as nações espaciais atuais e futuras. Assim, o simpósio almeja ajudar a formar um futuro acordo internacional que tenha validez para organizações importantes como a UIT e o Comitê das Nações Unidas para a Utilização Pacífica do Espaço Exterior.
Uma oportunidade desse acordo se tornar realidade pode acontecer em breve, a partir uma proposta da equipe de ação do subcomitê científico e técnico espacial das Nações Unidas apresentada na reunião do Comitê da ONU sobre a Utilização Pacífica do Espaço Exterior, que deve acontecer em junho.