O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) criticou a postura do Judiciário em afastar os magistrados que atuaram na Operação Lava Jato. O parlamentar deu a declaração nesta terça-feira, 16, em seu perfil no Twitter/X.
Hamilton Mourão classificou como monocrática a decisão do corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Felipe Salomão, que afastou a ex-juíza Gabriela Hardt, titular da 13ª Vara de Curitiba. Para o senador, o Judiciário brasileiro “perdeu a sua bússola moral”.
“Enganam-se aqueles que acham que a violência é somente física”, observou Hamilton Mourão. “Pior violência é aquela perpetrada sorrateiramente, com requintes de covardia e objetivando destruir reputações.”
O senador acrescentou que afastamentos de juízes, como o de Gabriela, “prejudicam os magistrados de reputação ilibada”.
Além de Hamilton Mourão, Deltan Dallagnol também criticou afastamento de Gabriela Hardt: “Perseguição”
O ex-procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, reagiu ao afastamento da juíza Gabriela Hardt e de dois desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Ele afirmou que a decisão é “frágil” e soa como “perseguição”.
“O que o CNJ está fazendo é perseguir politicamente juízes e servidores públicos que corajosamente combateram a corrupção”, afirmou Dallagnol. “E incutir medo em todos aqueles que tiverem à sua frente casos em que o cumprimento do dever legal contrarie os interesses dos poderosos.”
A decisão de Salomão aconteceu depois de uma fiscalização concluir que houve irregularidades na gestão das multas dos acordos de delação e de leniência fechados na Lava Jato.
De acordo com o corregedor, a investigação administrativa revelou que, no período em que conduziu os processos da operação, a juíza Gabriela Hardt conversou por mensagem com procuradores da força-tarefa sobre os termos do acordo que destinaria recursos da Petrobras para a criação de uma fundação privada.
Na época, a proposta gerou pesadas críticas à Lava Jato, e a força-tarefa desistiu da iniciativa. O Supremo Tribunal Federal (STF) também interveio e determinou que o dinheiro fosse destinado a investimentos em educação e meio ambiente.