“Batido, não mexido”, é como o espião mais famoso do mundo, James Bond, criado por Ian Fleming, costumava pedir seu Vodca Martini e assim despertou o meu interesse, ou melhor, minha obsessão pelo mundo da coquetelaria.
A convite da turma da CNN Viagem&Gastronomia irei compartilhar um pouco do que penso, vivo, questiono e me emociono na indústria de bares pelo mundo afora.
Aproveitando a recente onda das premiações de bares e principalmente o anúncio da lista mais aguardada do ano, o “The World 50th Best Bars” do qual tenho a honra de figurar com o Tan Tan, gostaria de estrear esta coluna falando sobre o impacto que as listas e os prêmios causam no nosso setor.
Acredito que o impacto é muito significativo, influenciando tanto a qualidade das bebidas como o sucesso comercial dos estabelecimentos.
Estes prêmios, que muitas vezes reconhecem a excelência do serviço, a criatividade ou até mesmo a influência dos bares e das pessoas por trás dos negócios, têm contribuído para elevar o padrão da indústria e proporcionar reconhecimento aos talentosos profissionais que a compõem.
Em primeiro lugar, o impacto mais óbvio das premiações é o prestígio e a visibilidade que trazem para os bares premiados. Ganhar um prêmio renomado pode atrair uma clientela mais ampla e, também, mais exigente.
Os clientes muitas vezes buscam experiências excepcionais, e a expectativa muitas vezes é que um bar premiado pode ser a garantia de que receberão coquetéis primorosos e um atendimento de excelência, porém isso é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que muitos em um estado de euforia acabam saindo satisfeitos e toleram eventuais deslizes ocorridos durante a experiência, outros vão com a missão de achar possíveis falhas a fim de contestar o que foi laureado, como auditores implacáveis.
Além disso, as premiações podem estimular a inovação. Os bartenders competem para criar novos caminhos e técnicas, a fim de aprimorar coquetéis e experiências buscando se destacar e receber reconhecimento. Isso leva a uma cultura de melhoria contínua e à descoberta de novas combinações de sabores, ingredientes e métodos de preparo.
As premiações também têm um efeito multiplicador. Quando um bar ganha reconhecimento, isso não beneficia apenas o próprio estabelecimento, mas também a comunidade local de bares e a indústria como um todo. Outros bares podem ser inspirados a elevar seu padrão, oferecer novas experiências e levantar questionamentos sobre sustentabilidade tanto dos negócios e meio de produção quanto das pessoas que fazem a indústria existir. Além disso, o reconhecimento internacional de um bar pode atrair turistas e, por consequência, aumentar o turismo gastronômico em uma região.
No entanto, é importante notar que a pressão por prêmios pode ser estressante para quem está por trás deles, considerando o fato de que muitas vezes a escolha não está ligada ao desempenho técnico alcançado.
Em suma, as premiações desempenham um papel vital na indústria de bares, impulsionando pilares importantes como a inovação, a consistência e a excelência no serviço. Cada vez mais chego à conclusão de que o mais fascinante nesta indústria é a diversidade de conceitos e experiências que são revelados por estas instituições onde o maior vencedor é o cliente.
*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.
Quem é Thiago Bañares
Bañares, formado em gastronomia pela FMU (SP), foi considerado pelo ranking “Bar World 100”, organizado pela importante publicação Drinks International, uma das 100 pessoas mais influentes da indústria de bares global. Seu restaurante/ bar Tan Tan figura – pela terceira vez consecutiva – na lista dos melhores bares do mundo do “World’s 50 Best Bars”; comanda o também premiado Kotori, considerado o 65º melhor restaurante da América Latina pelo “World’s 50th Best Awards”; e está à frente do intimista The Liquor Store, casa que privilegia a conexão entre cliente e bartender e entrega coquetéis preparados com excelência.
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