Em editorial, o jornal O Globo fez críticas à postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da necessidade de implantar ajustes fiscais robustos para estabilizar a dívida pública crescente do Brasil. De acordo com a publicação, o petista “cedeu a seu vezo populista e ficou ao lado da ala política, preocupada com a próxima eleição, não com o crescimento sustentável e o futuro do país”.
Recentemente, em vez de seguir as recomendações de sua equipe econômica, Lula escolheu um caminho considerado por muitos como populista, priorizando objetivos políticos de curto prazo em detrimento de medidas que poderiam garantir um crescimento econômico sustentável a longo prazo. Essa decisão tem gerado incertezas entre analistas e investidores.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), criticou abertamente a atual direção do Banco Central do Brasil, especialmente o presidente Roberto Campos Neto. Ele declarou: “Estamos em contagem regressiva para ter um Banco Central que tenha um olhar para o Brasil”. Essa afirmação é entendida como uma tentativa de pressionar Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência do Banco Central em janeiro, a alinhar as políticas monetárias com os interesses políticos do governo.
O desequilíbrio fiscal continua sendo uma preocupação, pois contribui para a inflação de duas maneiras: aumenta a quantidade de dinheiro em circulação e desvaloriza o real, encarecendo produtos cotados em dólar. Em resposta, o Banco Central é forçado a elevar as taxas de juros para conter a inflação, o que, por sua vez, eleva os custos de financiamento para o governo e desacelera o crescimento econômico. Esta é uma situação que a ala política do governo deseja evitar, pressionando Galípolo para adotar uma abordagem mais flexível.
Galípolo e a independência do Banco Central
Apesar dessas pressões, O Globo afirma que Galípolo é capaz de manter a independência do Banco Central. Segundo a publicação, o economista tomou decisões técnicas como diretor de política monetária que evidenciam sua resistência a influências externas. Essa resistência é crucial para evitar os erros do passado, como os ocorridos durante o governo de Dilma Rousseff, quando a interferência política nas decisões do Banco Central causou problemas econômicos significativos para o país.
A tentativa de Rui Costa e outros apoiadores do governo de influenciar o Banco Central reflete como certas visões econômicas ainda têm força em alguns setores da esquerda, avalia O Globo. Para o jornal, a “narrativa” de que as críticas à política fiscal são meramente reclamações de uma elite financeira é vista como uma simplificação perigosa. Na realidade, a irresponsabilidade fiscal e a falta de controle sobre a dívida pública tendem a prejudicar mais as populações mais pobres, que enfrentam desemprego e perda de poder aquisitivo durante períodos de alta inflação.