sexta-feira, junho 13, 2025
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O discurso que fez Motta recuar sobre Zambelli

Dirigindo-se diretamente a Hugo Motta (Republicanos-PB), André Fernandes (PL-CE), na tribuna da Câmara dos Deputados, disse nutrir o “sentimento de ter sido enganado” com promessas que foram feitas para a eleição do paraibano como presidente da Câmara.

“No início desta legislatura nós nos comprometemos em votar no senhor”, declarou Fernandes. “Tínhamos algumas pautas muito claras e uma delas, que é uma pauta caríssima para nós da oposição, era a pauta da anistia, o que nos foi prometido claramente: ‘Votem no Hugo Motta que a anistia será pautada’. Se passaram 5 meses nós estamos no mês de junho nós não vemos a anistia sendo pautada”, desabafou.

E foi além: “Nós não vemos o [aumento do] IOF sendo barrado e, além do que qualquer coisa, não estamos vendo a defesa constitucional desta Casa”.

O caso Zambelli

Fernandes manifestou discordância em relação à “declaração infeliz” de Motta à GloboNews, quando, questionado sobre a ordem de prisão contra a deputada Carla Zambelli, disse que ordem judicial não se discute, se cumpre.

“O presidente Hugo Motta disse que vai seguir o que a ordem judicial determinou porque transitou em julgado, e essa Câmara mais uma vez vai ser feita de palhaço perante o povo brasileiro”, criticou Fernandes. “De repente 1 milhão de votos são jogados no esgoto por causa que um ministro que geralmente costuma ser juiz, vítima, relator, julgador determina que isso aconteça, e qual vai ser o papel da Câmara dos Deputados?”

Para o deputado, Motta deixou de cumprir o artigo 55 da Constituição, onde está previsto que a Câmara dos Deputados deve “deliberar sobre perda de mandato, sobre cassação de mandato de deputado federal em exercício”.

Depois do discurso de Fernandes, Motta recuou e disse que levará o caso de Zambelli ao plenário.

“Palhaços”

Mais de uma vez, Fernandes disse que os deputados e a Câmara têm sido feitos de “palhaços” pelo STF. Ele mencionou o recente caso do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ)), cujo processo no STF foi sustado pela Câmara. Mas, em seguida, a Corte derrubou a decisão do Legislativo. “E o que é que essa Câmara fez? Essa Câmara dos Deputados não faz absolutamente nada.”

No discurso-desabafo, o deputado cearense disse que se sente arrependido de ter votado em Motta para presidente da Câmara. Justificou-se, afirmando que seguiu orientação partidária e que as promessas do então presidenciável o convenceram. Mas, agora, sente-se traído e enganado.

“Eu poderia ter votado no deputado Marcel”, declarou, referindo-se a Marcel van Hattem (Novo-RS). “A sensação é de traição, de enganação, de arrependimento porque nós estamos sendo desrespeitados dia após dia.”

Fernandes disse que atualmente 38 deputados federais respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal “porque falaram alguma coisa na tribuna ou porque postaram alguma coisa”. “O deputado Gustavo Gayer foi intimado hoje na porta do seu gabinete. A gente fica tentando fugir de oficial de Justiça”, relatou. “Para que que serve ser eleito senão para representar o povo e falar o que o povo gostaria de falar, mas não pode?”

Cobranças de Fernandes a Motta

Fernandes disse que depois da ligação de Motta, durante a campanha, não foi mais procurado pelo deputado para dar andamento às promessas de campanha e, novamente, dirigindo-se a Motta, prosseguiu. “Mas o que eu estou dizendo aqui é: ‘resgate a força da Câmara dos Deputados, não aceite que um deputado seja cassado, seja qual for o motivo, sem o aval desta Casa, traga para decidir aqui em plenário. Dizer que simplesmente vai acatar a decisão é um desrespeito, é um chute na cara dos parlamentares.”

Hugo Motta
Hugo Motta, presidente da Câmara | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputado

Fernandes disse que resolveu cobrar publicamente Motta apesar dos pedidos de paciência dos líderes e até mesmo de Jair Bolsonaro. “Nós estamos há 5 meses esperando algo que venha da presidência desta Câmara para dizer: ‘A gente fez a decisão correta’, mas até agora esse aceno não aconteceu e não tem como”, declarou. “Só que nós estamos representando o povo e o povo está cobrando o nosso posicionamento.”

Ele finalizou o discurso com um alerta a Hugo Motta: “Então, eu deixo aqui o meu desabafo. Eu sou o primeiro, mas daqui a pouco vai aparecer outro e vai falar a mesma coisa, e eu não quero que chegue ao ponto de o senhor não conseguir sair às ruas, igual outros cidadãos, porque o povo cobra porque o povo intimida, porque o povo tem legitimidade para o fazer.”

Motta, ainda na terça-feira 10, negou que tenha recuado em razão do discurso de Fernandes. “Eu não funciono no grito”, rebateu, ao anunciar que levará o caso de Zambelli ao plenário.

Via Revista Oeste

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