sábado, abril 12, 2025
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o centro científico que Hamas não parou

Israel manteve os investimentos na área de ciência e tecnologia, mesmo depois dos ataques de 7 de outubro. O Instituto Weizmann, uma das suas maiores instituições científicas do país, se tornou um símbolo desta resiliência, enquanto tropas israelenses combatiam os terroristas do Hamas, conforme revelou a Oeste o presidente da entidade, Alon Chen.

“Definitivamente podemos dizer que, apesar do contexto geopolítico desafiador, nós tomamos a decisão institucional de continuar avançando a ciência com a mesma dedicação, apesar de todos os desafios logísticos e emocionais”, afirmou Chen, presidente do Instituto Weizmann.

Mesmo durante a guerra, segundo a Autoridade de Inovação de Israel, o país continuou como líder mundial em percentual do Produto Interno Bruto (PIB) destinado ao setor, com cerca 4,93% por ano. O instituto foi classificado, entre as 10 mais importantes instituições acadêmicas de pesquisa, no Ranking Leiden de 2024, divulgado em setembro.

“Existiram desafios significativos nesta fase. E agora, você olha para as descobertas, para a incrível ciência feita neste período… foi um ano bastante bem-sucedido em termos de produção científica de alto nível. O último ano foi cheio de novas descobertas em diversas áreas.”

Chen ressaltou que sua missão no Brasil teve também o objetivo de mostrar como o instituto contribui para as relações bilaterais entre os dois países. Apesar do distanciamento do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Estado de Israel.

“Nós fazemos muitas contribuições para as relações bilaterais, independente dos problemas políticos ou das tensões entre os governos em um determinado momento”, ressaltou o presidente do instituto.

“Não nos envolvemos diretamente com política governamental. O Weizmann é uma instituição apolítica por princípio. Nós não escolhemos lado em disputas políticas, nem esquerda, nem direita. Nossa ‘política´ é a ciência. Este é o nosso trabalho fundamental. Nós fazemos ciência de ponta.”

Alon Chen presidente Instituto Weizmann Israel
Alon Chen é presidente do Weizmann desde 2019 | Foto: Reprodução/Instituto Weizmann

Fundado em 1934, o instituto realiza programas de mestrado e doutorado em ciências naturais, como matemática, física, química e biologia. Com um orçamento anual superior a US$ 700 milhões, não atua como universidade, mas como uma entidade acadêmica de especialização e pesquisas.

Neste orçamento, o governo israelense contribui com cerca de 20%, enquanto o restante provém de royalties e investimentos relacionados a patentes e descobertas.​ O instituto negocia tanto com startups quanto com grandes corporações internacionais.

“Toda a pesquisa que fazemos busca estar na fronteira do conhecimento”, afirma Chen, presidente do instituto desde 2019.

Um dos estudos mais recentes do Weizmann está relacionado a descobertas para a cura do câncer. O próprio site do instituto informa, no título de um artigo, que Weizmann está “Fazendo o câncer se desmascarar”, com base em pesquisas do professor Yardena Samuels.

“O que o professor Yardena Samuels e seu time fizeram aqui, o que eles conseguiram fazer é desenvolver uma forma de tornar a célula cancerosa mais visível, mais ‘transparente’ para o sistema imune”, ressalta Chen.

“E no minuto que você a marca com esses ‘sinais’, e que você é capaz de expô-las de forma clara ao sistema imune, de defesa natural do corpo, este pode reconhecê-las como uma ameaça e eliminá-las de forma mais eficiente.”

Outra pesquisa mencionada por ele é relativa ao estudo, dos pesquisadores Eldad Tzahor e Uri Alon, que descobriu dois tipos diferentes de formação de tecido cicatricial no coração. O tecido cicatricial é o que o corpo cria para substituir áreas danificadas e que pode prejudicar o funcionamento do coração.

Programa de estudantes no Weizmann

Chen acrescentou que a inovação na agricultura também é uma das prioridades do instituto. Por este motivo, a vinda ao Brasil, uma potência agrícola, também foi vista por ele como proveitosa. Para Chen, a evidente diferença entre o tamanho do Brasil e de Israel é algo que até pode ser benéfico.

“Nossos cientistas desenvolvem tecnologias para o cultivo de vegetais que podem crescer verticalmente em múltiplas camadas, melhorando o uso do espaço”, ressalta Chen. “Temos uma população global de 8 bilhões de pessoas neste planeta. Nós precisamos alimentar a todos de forma sustentável.”

Mesmo não sendo uma universidade, o instituto desenvolve programas de intercâmbio com estudantes. O Weizmann realiza anualmente o programa internacional Dr. Bessie F. Lawrence International Summer Science Institute (ISSI).

O curso reúne cerca de 80 estudantes do mundo todo para quatro semanas de imersão em projetos de pesquisa de ponta, com orientação de cientistas de destaque em áreas como biologia molecular, química, física e ciência da computação.

Em 2025, quatro estudantes do ensino médio – Carolina de Araújo Pereira da Silva (RJ), Francisco do Rego (SP), Gabrielle de Oliveira Rodrigues (CE) e Samuel Roizenblatt Davidovici (SP) – tiveram seus projetos escolhidos, depois de se destacarem em projetos de inovação, para integrarem o programa.



Via Revista Oeste

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