O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que vai romper os contratos com empresas de ônibus que atuam na capital, caso fique comprovada a ligação das companhias com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A declaração foi dada em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que foi ao ar no domingo 14.
“Uma vez que for comprovado que existe alguma ligação com o PCC, automaticamente nós vamos romper o contrato”, disse Nunes.
Na terça-feira 9, as empresas Upbus e TransWolff foram alvo da operação Fim da Linha, do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). E, no mesmo dia, o MPSP denunciou 29 pessoas sob a acusação de participação de organização criminosa, lavagem de dinheiro, extorsão e apropriação indébita.
Nessa mesma data, Nunes afirmou decretou intervenção nas duas empresas e assumiu o comando das linhas operadas pelas companhias. A intervenção atendeu a uma determinação judicial.
Na sexta-feira 12, ao falar sobre a relação das empresas com o PCC, Nunes disse que não poderia agir com base em “indícios”. “Indícios existem há décadas. Comentários de que organização criminosa participa de empresas de ônibus existem há décadas. De concreto, uma condenação que faça com que a administração mude o seu contrato, que dê respaldo jurídico para alguma mudança, efetivamente a gente não tem”, disse Nunes ao SBT naquela ocasião.
Empresas de ônibus são acusadas de organização criminosa, lavagem de dinheiro e extorsão
Ao todo, seis pessoas foram presas na operação da terça-feira, 9. O MPSP e policiais apreenderam 11 armas, 813 munições de vários tipos e R$ 161 mil em espécie, além de computadores, HDs externos e pen-drives. Também foram apreendidos valores em dólares e barras de ouro.
Segundo o MPSP, a cúpula das empresas de ônibus era ligada ao PCC e usava as atividades das empresas como fachada para lavar o dinheiro vindo do tráfico, isto é, simular uma origem lícita para os recursos. A operação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPSP, em parceria com a Receita Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
De acordo com a denúncia do MPSP, entre 2014 e 2024, os dirigentes do PCC Silvio Luiz Ferreira, o “Cebola”, e Décio Gouveia Luiz, o “Décio Português”, injetaram mais de R$ 20 milhões da organização numa cooperativa de transporte da Zona Leste que viria a se tornar a UpBus — da qual ambos são sócios.
Já a TransWolff teria sido usada por Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o “Pandora”, para lavar R$ 54 milhões vindos das atividades criminosas do PCC, segundo o Ministério Público paulista.
Como mostrou o Estadão em fevereiro, sete companhias de ônibus foram ou estão sendo investigadas pela Polícia e pelo Ministério Público. Juntas, são responsável por transportar 27,5% dos passageiros de ônibus da capital, e receberam R$ 2 bilhões da prefeitura de São Paulo apenas em 2023.
O Gaeco também convocou como testemunhas o vereador Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal, e o deputado federal Gilmar Tatto (PT-SP).
Redação Oeste, com informações da Agência Estado