A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou, nesta segunda-feira (28), relatório que mostra que os níveis de gases de efeito estufa atingiram novo recorde em 2023. O dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera aumentou em mais de 10% nas últimas duas décadas e nunca se acumulou tão rápido como agora, de acordo com a entidade, ligada a Organização das Nações Unidas (ONU).
As principais descobertas do relatório foram as seguintes:
- As concentrações de CO₂ aumentaram 11,4% em apenas 20 anos;
- Longa vida útil do CO₂ na atmosfera garante aumento futuro da temperatura;
- El Niño e incêndios na vegetação alimentam aumento no final de 2023;
- A eficácia dos sumidouros de carbono, como as florestas, não pode ser considerada garantida;
- É necessária melhor compreensão dos feedbacks carbono-clima.
“Grandes incêndios florestais e uma possível redução na absorção de carbono pelas florestas combinadas com as altas emissões de CO₂ de combustíveis fósseis provenientes de atividades humanas e industriais impulsionaram o aumento”, avalia a OMM.
O Greenhouse Gas Bulletin analisa dados de concentrações de gases de efeito estufa ao invés de níveis de emissão. Os números mostram que menos da metade das emissões de CO₂ permanecem na atmosfera, enquanto um quarto é absorvido pelo oceano e pouco menos de 30%, pelos ecossistemas terrestres.
A última vez que a Terra viveu uma concentração comparável de CO₂ com a atual foi entre três e cinco milhões de anos atrás, quando a temperatura era de 2 °C a 3 °C mais quente e o nível do mar estava de dez a 20 metros mais alto do que agora, segundo o relatório.
“Estamos claramente fora do caminho para atingir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2 °C e almejar 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Isso é mais do que apenas estatísticas. Cada parte por milhão e cada fração de grau de aumento de temperatura tem impacto real em nossas vidas e em nosso planeta”, disse a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo.
Além do CO₂, quais são os gases do efeito estufa?
O dióxido de carbono é responsável por 64% dos gases que causam o efeito estufa na atmosfera. É emitido principalmente pela queima de combustíveis fósseis e pela produção de cimento.
Em 2023, o aumento foi maior do que na comparação com 2022, embora menor do que o dos três anos anteriores, de acordo com a OMM. As emissões globais de carbono de incêndios foram 16% acima da média no ano passado, a sétima entre todas as temporadas de incêndios desde 2003.
Já o metano chama atenção por permanecer na atmosfera por cerca de uma década, sendo responsável por 16% do efeito de aquecimento. Cerca de 60% da emissão ocorre por fontes antropogênicas, como agricultura de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros sanitários e queima de biomassa. Além disso, é emitido por fontes naturais, como pântanos e cupins.
O crescimento do metano atmosférico em 2023 foi menor do que em 2022 – mas foi recorde para o período de cinco anos, segundo o boletim da OMM.
Por último, o óxido nitroso, produto químico destruidor da camada de ozônio, é responsável por cerca de 6% do forçamento radiativo por gases de efeito estufa de longa duração. Pode ser emitido na atmosfera por fontes antropogênicas ou oceanos, solos, queima de biomassa, uso de fertilizantes e vários processos industriais.
O aumento de 2022 a 2023 do óxido nitroso foi menor do que o observado de 2021 a 2022, até então, o maior crescimento observado em nosso registro nos tempos modernos.