O número de pessoas sem abrigo, ou seja, que vivem nas ruas e nos metrôs de Nova York, nos Estados Unidos, atingiu seu recorde nos últimos 20 anos, conforme uma pesquisa anual de campo divulgada na última quinta-feira, 13.
A estimativa encontrou cerca de 4.140 pessoas sem abrigo, um aumento de 2,4% em relação ao ano anterior e o maior número desde 2005, quando Nova York iniciou as pesquisas. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
David Giffen, diretor executivo da Coalizão para os sem-teto, disse que, apesar do aumento de abrigos com menos regras, a oferta de camas “não chega nem perto do número necessário” em Nova York.
“Essas camas estão cheias todas as noites e ainda há milhares de pessoas dormindo sem abrigo na cidade”, acrescentou Giffen.
Desde que o prefeito Eric Adams assumiu o cargo em janeiro de 2022, a cidade realocou 2 mil pessoas sem abrigo para moradias permanentes, 500 delas encontradas no metrô.
Sob a gestão de Adams, a disponibilidade de camas em abrigos menos restritivos cresceu para 4 mil, sendo que Nova York ainda planeja abrir mais 500 vagas até o final do ano.
Molly Wasow Park, responsável pelos programas e serviços sociais da cidade, afirmou que não há evidências de um “aumento sistemático no número de pessoas sem abrigo que sejam solicitantes de asilo.”
A prefeitura intensificou esforços para transferir pessoas sem moradia para habitações subsidiadas, priorizando locais com apoio de serviços sociais ou quartos privados e semiprivados em abrigos mais flexíveis.
Pessoas sem abrigo em bairros de Nova York
Em diversos bairros, os números de pessoas sem abrigo variam significativamente. No Queens, a quantidade de sem-teto aumentou 46% em relação a 2023. Em Staten Island, mais que dobrou, de 40 para cerca de 100 pessoas.
Por outro lado, no Brooklyn, a quantidade de sem-teto caiu 12%. Em Manhattan, onde se concentra a maioria, houve um aumento de 4%.
Críticos questionam a confiabilidade da pesquisa, conhecida como estimativa Hope, realizada em todo o país. Em Nova York, ela ocorre em uma noite do período mais frio do ano, com voluntários e funcionários. A temperatura na noite da pesquisa de 2024 foi quase idêntica à de 2023.
David Giffen afirmou que a estimativa Hope subestima drasticamente a população em situação de rua a ponto de sua realização não fazer sentido.
Outra forma de medir a quantidade de indivíduos sem abrigo são os registros das equipes de apoio que atuam nas ruas. Esses dados mostram um aumento mais acentuado do que o da estimativa Hope. O número de 2024 para o trimestre que terminou em 31 de março aumentou 15% em comparação com 2023 e 85% em relação a 2022, quando o atual prefeito assumiu o cargo.
Esses números podem ter crescido em parte devido ao aumento de membros dessas equipes de apoio atuando nas ruas.