quinta-feira, novembro 14, 2024
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Nova espécie de tardígrado pode melhorar tratamento de câncer

Pesquisadores descobriram uma nova espécie de tardígrado capaz de fornecer insights sobre mecanismos de resistência à radiação. O animal intriga a ciência e ficou conhecido por sua resiliência a ambientes extremos.

A análise do exemplar não só deu novas pistas sobre como esses seres funcionam, mas também pode ajudar humanos a sobreviverem melhor em condições adversas, como no espaço e em situações de radiação, como radioterapias.

Descoberta de nova espécie de tardígrado pode ajudar humanos (Foto: Vitória Gomez via DALL-E/Olhar Digital)

Nova espécie de tardígrado deu novos insights sobre resistência à radiação

Os tardígrados são animais minúsculos capazes de suportar condições extremas, como falta de água, oxigênio e níveis de radiação 1 mil vezes maiores do que humanos.

São cerca de 1.500 espécies conhecidas – e uma nova acabou de entrar para a lista. Veja como foi a descoberta:

  • Seis anos atrás, o biólogo molecular Lingqiang Zhang e seus colegas estavam na Montanha Funiu, na China, coletando amostras de musgos;
  • Quando voltaram para o laboratório para analisar as amostras, eles encontraram uma espécie de tardígrado ainda não documentada, que batizaram de Hypsibius henanensis;
  • Ao sequenciarem o genoma do exemplar, eles descobriram que a espécie tinha 14.701 genes, 30% deles exclusivos dos tardígrados;
  • Para testar os mecanismos de resiliência do H. henanensis, eles submeteram o animal a doses de radiação de 200 e 2 mil grays, muito além do que humanos poderiam aguentar.
Espécie foi batizada de Hypsibius henanensis (Imagem: Science/Reprodução)

O que a pesquisa descobriu sobre os tardígrados

Os testes revelaram insights sobre os mecanismos de sobrevivência à radiação por parte dos tardígrados, incluindo um sistema de defesa que protege o DNA de eventuais quebras.

Isso porque, quando os animais foram expostos à radiação, 2.801 genes envolvidos no reparo do DNA, divisão celular e resposta imunológica foram ativados. Um deles chama TRID1 e codifica uma proteína que repara quebras no DNA. Outro, o gene DODA1, permite que os animais produzam quatro tipos de pigmentos antioxidantes chamados betalaínas, que absorvem produtos químicos prejudiciais ao corpo.

Os pesquisadores também fizeram outro teste: trataram células humanas com uma das betalaínas do tardígrado. O resultado mostrou que elas sobreviveram melhor à radiação do que células não tratadas.

Resiliência dos tardígrados pode ajudar humanos

Os mecanismos de resiliência dos tardígrados a condições extremas pode ter benefícios aos humanos. Segundo Zhang, coautor do estudo publicado na revista Science, a nova espécie pode ajudar a melhorar a intolerância das células humanas em situações de radiação, como a radioterapia. Isso, por sua vez, poderia melhorar resposta a tratamentos de câncer.

O conhecimento também pode contribuir com a proteção de astronautas contra radiação no espaço, melhorando missões espaciais (e, possivelmente, permitindo que eles cheguem mais longe).

De acordo com a revista Nature, outra aplicação é na indústria farmacêutica e de saúde: os mecanismos de sobrevivência podem melhorar a vida útil de substâncias frágeis, como vacinas e medicamentos.

Via Olhar Digital

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