sábado, novembro 30, 2024
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Nova corrida espacial: cibercriminosos fazem fila para hackear sistemas, satélites e naves

Antes, a corrida espacial se concentrava apenas em explorar com sucesso o espaço sideral. Agora, os cientistas e engenheiros espaciais lutam contra uma nova ameaça: impedir que hackers se aproveitem de brechas de segurança e utilizem a inteligência artificial das tecnologias espaciais para danificá-las, roubar dados secretos e criar armas. A informação foi divulgada recentemente com exclusividade pela CNBC.

Segundo o empresário Elon Musk e o próprio governo dos Estados Unidos, o país está ameaçado contra espiões russos e chineses que visam invadir naves, sistemas e satélites para roubar informações sigilosas. Sylvester Kaczmarek, diretor de tecnologia da OrbiSky Systems, admite que parte das brechas de segurança advém da falta de supervisão humana adequada sobre a inteligência artificial utilizada nas tecnologias espaciais. Veja as informações detalhadas a seguir.

Para quem tem pressa:

  • Empresas de tecnologia espacial inseriram inteligência artificial em diferentes produtos tecnológicos, a fim de que os sistemas detivessem mais autonomia;
  • Porém, essa autonomia não é bem supervisionada e isso abre brechas de seguranças que hackers podem aproveitar para danificar naves e roubar dados;
  • Elon Musk e o governo dos Estados Unidos acreditam que os hackers sejam de origem russa e chinesa, e já declararam ataques anteriores;
  • Profissionais da segurança nacional e da divisão de tecnologia espacial dos EUA temem que o roubo desses dados seja utilizado para a criação de armas.

Hackers se aproveitam de brechas em softwares espaciais para invadir naves, satélites e demais sistemas

Lançar um objeto no espaço (seja um satélite ou uma nave) é algo que demanda muitas pesquisas, bem como a utilização constante de sistemas de software. Por si só, esses softwares já são vítimas diárias de ataques cibernéticas, mas desde a implementação da inteligência artificial na engenharia espacial, mais brechas se abriram e esses cibercriminosos fazem fila para invadir naves, satélites e demais sistemas.

Pessoa com capuz atrás de um notebook
Cibercriminoso roubando informações alheias (Imagem: TwinD/Shutterstock)

Segundo a análise da CNBC, essas brechas ocorrem porque a IA utilizada pelos pesquisadores consegue interconectar diferentes softwares simultaneamente — o que cria uma faca de dois gumes: embora os cientistas e engenheiros tenham mais autonomia e gerenciamento para controlar diferentes tecnologias, devido à integração da IA com esses sistemas; isso também significa que, se um hacker acessar e manipular o sistema da inteligência artificial (que controla tudo), ele poderá revogar os acessos de todos os outros e deter o controle total ou parcial das tecnologias espaciais. Se esse controle for revogado, o cibercriminoso pode fazer um estrago inimaginável.

William Russell, diretor de contratação e aquisições de segurança nacional do Escritório de Responsabilidade do Governo dos EUA, declara que se uma nave ou satélite for hackeada e danificada sem que os engenheiros percebam, o projeto todo pode sofrer muitas complicações. Isso porque, uma vez no espaço, não haverá possibilidade de realizar os reparos necessários para consertar os estragos ocasionados pelo hackeamento.

As consequências de atividades cibernéticas maliciosas incluem perda de dados de missão, diminuição da vida útil ou capacidade de sistemas ou constelações espaciais, ou o controle de veículos espaciais.

William Russell, diretor de contratação e aquisições de segurança nacional do Escritório de Responsabilidade do Governo dos EUA

Os problemas ocasionados pelo hackeamento podem prejudicar as agências espaciais em três pontos principais: no espaço, na Terra, e no canal de comunicação entre ambos. De acordo com Wayne Lonstein, cofundador e CEO da VFT Solutions, uma falha em apenas um desses sistemas pode ocasionar um efeito dominó para derrubar todo o projeto. “De muitas maneiras, as ameaças à infraestrutura crítica na Terra podem causar vulnerabilidades no espaço”, assim como na “internet, energia, spoofing e tantos outros vetores que podem causar estragos no espaço”, finaliza.

De forma geral, a inteligência artificial é utilizada para gerar um gerenciamento mais autônimo em diferentes tipos de tecnologias. Por exemplo, os rovers — veículos espaciais — são utilizados para explorar o solo de diferentes lugares, e a IA implementada em muitos deles organiza e monitora o comportamento do robô, além de hospedar os seus dados. O problema, contudo, é a comum falta de uma supervisão eficiente sobre a IA que gerencia o robô, o que os deixa mais vulneráveis.

imagem mostra um rover, um veículo exploratório espacial
Exemplo de rover, um veículo exploratório utilizado em missões espaciais (Reprodução: AirBus)

Uma vez que a supervisão humana é reduzida, os sistemas ficam mais suscetíveis a ataques cibernéticos, especifica Sylvester Kaczmarek, diretor de tecnologia da OrbiSky Systems.

Os Estados Unidos já possui um histórico de alegações contra hackers individuais e equipes inteiras de cibercriminosos, supostamente atuando a mando de nações estrangeiras como Rússia e China. Para exemplificar, é possível citar a acusão que Elon Musk fez em 2022: o magnata disse que o satélite Starlink, de sua empresa SpaceX, foi alvo de um ataque russo. Já no ano passado, o governo estadunidense emitiu um alerta de que espiões chineses e russos miravam as tecnologias espaciais da SpaceX e da Blue Origin.

Consoante Kaczmarek, ameaças possíveis são o envenenamento dos dados hospedados pelas IA, e até métodos de engenharia reversa para roubar dados confidenciais (da IA e coletados pelos rovers). Ele ainda diz que se essas tecnologias forem invadidas, os cibercriminosos podem obter o controle de missões espaciais importantes e secretas ou, pior, utilizá-las para criar algum tipo de arma.

Via Olhar Digital

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