Neste domingo (24), durante o programa Domingol com Benja, o comentarista da CNN Maurício Noriega criticou a declaração de Dorival Júnior sobre Robinho, ex-atacante preso por estupro. O treinador da Seleção Brasileira, que já trabalhou com o ex-jogador, afirmou que “se houve realmente e comprovaram algum time de crime, ele tem que ser penalizado”.
“Quando Dorival fala ‘se’, ele está desrespeitando a vítima, porque já foi julgado, o Robinho já foi condenado. Não tem o ‘se’, é verdade. Quando ele fala isso, ele está desrespeitando a dor da vítima, a humilhação pela qual ela passou. Por isso, ele foi muito mal na entrevista”, afirmou o comentarista.
Dorival disse ainda que Robinho é uma “pessoa fantástica” e que a situação é “muito delicada”.
É uma situação muito delicada. Robinho foi meu atleta, uma pessoa fantástica, um profissional, dentro da nossa convivência, acima da média. É um momento difícil para nos expressarmos. Entendo que primeiro eu penso nas famílias das pessoas envolvidas. Nas famílias principalmente das vítimas desses episódios. Episódios que acontecem diariamente no Brasil e em todo mundo, que são abafados, pois as pessoas não têm vozes. Se houve realmente e comprovaram algum time de crime, ele tem que ser penalizado, por mais que doa no meu coração sobre uma pessoa com quem tive convívio excepcional
Dorival Júnior, técnico da Seleção Brasileira
Maurício Borges, o Mano, também se manifestou sobre a situação envolvendo Robinho e Daniel Alves, também condenado por estupro, mas na Espanha.
“Dorival caiu no erro que o Tite também cometeu, que é colocar na condicional, ‘se’ aconteceu. Não é ‘se’ aconteceu, aconteceu. Daniel Alves achou que não ia acontecer nada, que ele estava acima do bem e do mal e que era o rei da Catalunha. O Robinho, da mesma forma, como a gente ouviu nos áudios. Ele tinha certeza de que seria absolvido no Brasil e que a vida dele iria continuar, porque a vida dele continuou. A da vítima talvez não”, afirmou.
Os áudios citados por Mano são as gravações feitas a partir de interceptações de ligações de Robinho que constam nos autos do processo julgado na Itália e foram publicados em episódios de podcast do Uol no ano passado.
“É! Eu comi, pô! Porque ela quis. Aonde eu forcei a mina? Eu comi a mina, ela fez chupeta em mim e depois saí fora. Os caras continuaram lá”, diz ele em um dos registros. Em outra escuta, o jogador admite que a vítima estava embriagada.
Ao ser questionado sobre o caso Daniel Alves, Tite, atual treinador do Flamengo, afirmou: “Eu não posso fazer julgamento sem ter todos os fatos e as informações verdadeiras a respeito. Posso falar conceitualmente. Conceitualmente, todo erro deve ser punido. Mas não sou julgador e não tenho todos os fatos. Fora que há uma etapa de um profissional que trabalhou comigo, e existem outras etapas profissionais e pessoais que ele também exerce”
“Essas eu não conheço e não posso julgar, tenho que ter muito cuidado. Vou dizer mais: quando fui a uma coletiva que houve um problema com Neymar, foram 24 perguntas, tive que responder 18 a respeito de um suposto (estupro). E eu disse a mesma coisa, que eu não tinha conhecimento aprofundado. Mas quem erra deve ser punido. Foi assim que eu fui educado. Primeiro te ensino, segundo tu é punido para que aprenda”, completou o treinador.
Após a repercussão negativa da declaração, o técnico pediu desculpas.
“Me desculpem pela resposta que eu dei no caso do Daniel Alves. Perdão. Alguns itens: o erro, o crime foi julgado pela justiça e foi condenado. A comparação que eu fiz do caso foi inoportuna, sem sentido e indevida. A etapa profissional que nós tivemos juntos foi de muita correção e respeito. Eu reafirmo que acredito em uma educação com orientação, punição, como eu fui modelado pelo senhor Agenor e pela dona Ivone, meus pais. E continuo acreditando desta forma.”, disse Tite.
O ex-jogador de futebol Robinho deu entrada na madrugada desta sexta-feira (22) na Penitenciária 2 de Tremembé, em São Paulo. Ex-atacante da Seleção Brasileira, ele foi condenado por estupro coletivo na Itália e terá que cumprir a pena de nove anos no Brasil.
Robinho ficará em uma espécie de pavilhão especial, onde ficam os presos de crimes com repercussão nacional. É o caso, por exemplo, de Roger Abdelmassih, ex-médico condenado a 173 anos de prisão por crimes sexuais — com quem o ex-jogador poderá dividir cela, inclusive.
Na manhã desta sexta, o detento recebeu um kit, que inclui calça, jaleco, camisa branca, caneca e colher. Além disso, deverá também cortar o cabelo e tirar uma foto.
Robinho foi condenado pelo crime de estupro coletivo contra uma mulher albanesa em uma boate de Milão, na Itália, em 2013. A sentença definitiva saiu nove anos depois, em janeiro de 2022, pela mais alta instância da Justiça italiana.
Um mandado de prisão internacional foi emitido quase um mês depois, em 16 de fevereiro. A acusação utilizou áudio gravado a partir de uma escuta instalada em um carro, que flagrou uma conversa entre Robinho e seus amigos, o que possibilitou confirmar a versão da vítima sobre o estupro coletivo.