O economista turco Daron Acemoglu, coautor do best-seller Por que as Nações Fracassam e recém-laureado com o Prêmio Nobel em Economia, nesta segunda-feira, 14, disse estar desapontado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele acredita que o petista nada fez para impedir o domínio da China sobre os Brics.
“É evidente que estamos trilhando um caminho que coloca o Brics sob a influência da China, enquanto o mundo em desenvolvimento necessita de uma voz independente”, disse Acemoglu, em entrevista à revista Veja.
A princípio, ele apoiou os programas sociais do governo petista. “Um exemplo notável é o Brasil nos primeiros mandatos do presidente Lula, que implementou programas sociais como o Bolsa Família e investiu fortemente em educação”, mas destaca que “a abordagem não deve se limitar apenas a transferências diretas de renda”.
Para ele, o Brasil deve superar a necessidade de programas sociais através da geração de emprego. “Isso envolve a criação de oportunidades para pessoas de diferentes níveis de habilidade e a prevenção do poder excessivo de tecnologias e corporações no mercado de trabalho.”
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No entanto, o economista demonstrou “profunda decepção” pela postura do Brasil de Lula diante dos Brics. “Fui um grande apoiador do presidente Lula, mas agora estou extremamente desapontado”, disse Acemoglu.
O turco denuncia uma subserviência dos demais países do bloco diante da China. “É evidente que estamos trilhando um caminho que coloca o Brics sob a influência da China, enquanto o mundo em desenvolvimento necessita de uma voz independente”, observou. “Essa situação é lamentável.”
Para ele, o Brasil e outras economias emergentes têm um papel crucial contra a supremacia chinesa e norte-americana. “Nações como Brasil, Turquia, Indonésia, Índia e Bangladesh precisam ter uma voz independente quando se trata de direcionar o rumo da tecnologia, inteligência artificial e os impactos do comércio global”, disse.
O economista considera que os países dos Brics se tornaram “meros clientes” dos chineses e russos. “Acredito firmemente que o mundo precisa transcender a bipolaridade atual e, nesse contexto, o Brics deveria ser menos submisso aos interesses de China e Rússia”, concluiu.