A tentativa de homicídio contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, faz lembrar que no Brasil alguns presidentes também foram alvos de atentados. Trump sobreviveu a uma tentativa de assassinato no sábado 13, durante um comício em Butler, na Pensilvânia. Ele foi ferido com um disparo de arma de fogo na orelha direita.
Esse é mais um caso de violência contra políticos nos EUA, que já teve quatro presidentes assassinados no exercício do cargo. No Brasil, a história do poder também é marcada por ataques contra políticos.
No Brasil, uma pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) mostrou que 103 crimes políticos ocorreram durante a reta final das eleições de 2022. Entre os incidentes, foram registrados dez atentados e 13 homicídios.
Na história do país, políticos como Jair Bolsonaro, José Sarney e Dom Pedro II foram alvos de ataques por parte de pessoas anônimas.
Veja alguns casos de políticos vítimas de atentados no Brasil
Jair Bolsonaro, em 2018
No dia 6 de setembro de 2018, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi esfaqueado na região do abdômen por Adélio Bispo de Oliveira. O crime se deu durante um comício em Juiz de Fora (MG), enquanto Bolsonaro, então deputado federal e pré-candidato à Presidência pelo PSL (atual União Brasil) era carregado por apoiadores.
O golpe de faca perfurou em três partes o intestino delgado do então candidato, provocando traumatismo abdominal e hemorragia interna. Em relatório oficial, a Polícia Federal (PF) disse que Adélio agiu sozinho no atentado.
A Justiça Federal, por sua vez, decidiu que o autor do crime é inimputável por sofrer de transtorno delirante persistente. Atualmente, ele está recolhido na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
José Sarney, em 1988
Às 9 horas do dia 29 de setembro de 1988, um desempregado sequestrou um Boeing 737-300 da extinta Viação Aérea São Paulo (Vasp), que fazia rota entre Belo Horizonte e o Rio, e ordenou que a aeronave fosse atirada no Palácio do Planalto, em Brasília. A intenção era um atentado contra o então presidente da República José Sarney.
Armado com um revólver calibre 38 e mais de 90 munições na bagagem, o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos, iniciou o sequestro que durou nove horas. O desenlace do incidente foi recentemente representado no filme “O Sequestro do Voo 375”, que estreou nos cinemas em dezembro do ano passado.
Depois de fazer manobras arriscadas para neutralizar o sequestrador, o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva conseguiu pousar a aeronave em Goiânia. Raimundo Nonato foi capturado por policiais enquanto tentava trocar de aeronave. O copiloto Salvador Evangelista morreu durante o incidente com um disparo na cabeça.
General Costa e Silva, em 1966
Era 25 de julho de 1966 um artefato explodiu no saguão do Aeroporto de Guararapes, no Recife, e matou o vice-almirante Nelson Gomes Fernandes e o jornalista e secretário de governo de Pernambuco Edson Régis de Carvalho, além de deixar 14 feridos. O alvo era o então ministro do Exército e futuro presidente da República, general Artur da Costa e Silva, que não estava no terminal.
Posteriormente, foi descoberto que autoria do crime foi do jornalista e ex-padre Alípio Cristiano de Freitas, um dos fundadores das Ligas Camponesas no Nordeste, ao lado do ex-deputado federal Francisco Julião.
Carlos Lacerda, em 1954
Principal opositor do presidente Getúlio Vargas, o jornalista e futuro governador da Guanabara (Estado extinto que corresponde ao atual município do Rio) foi alvo de um atentado no dia 5 de agosto de 1954, na Rua Tonelero, no bairro de Copacabana. O ataque malsucedido ajudou a levar à derrocada de Getúlio, que cometeria suicídio no palácio presidencial 19 dias depois.
No atentado, Lacerda foi atingido com um tiro no pé e um major da Aeronáutica de 32 anos, Rubens Vaz, foi morto com dois disparos. Em razão da morte do militar, foi aberto um inquérito policial militar (IPM) que determinou que o mandante do crime foi Gregório Fortunato, chefe da guarda presidencial de Getúlio
Depois do crime, Lacerda, os militares e setores da opinião pública fizeram pressão para que Getúlio renunciasse ao cargo. A crise política deflagrada pelo atentado arrefeceu apenas depois da posse de Juscelino Kubitschek, em janeiro de 1956.
Prudente de Morais, em 1897
O presidente Prudente de Morais, primeiro chefe do Executivo civil e paulista, quase foi assassinado no exercício do seu cargo. O episódio se deu em 5 de novembro de 1897, quando ele recebia no Rio os soldados que retornavam da Guerra de Canudos.
Durante a solenidade, um militar chamado Marcelino Bispo de Melo apontou uma garrucha em direção a Prudente. O ministro da Guerra (atual Ministério da Defesa) Carlos Machado de Bittencourt se prostrou na frente da arma, foi ferido diversas vezes, e acabou morrendo.
O então vice-presidente do país, Manuel Victorino, chegou a ser processado como suposto mandante do assassinato de Prudente. Mas, por falta de provas, ele foi absolvido. Apesar disso, a carreira política de Victorino acabou prejudicada pelo episódio
Dom Pedro II, em 1889
Em meio à crise política que deflagrou a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, o imperador Dom Pedro II quase foi morto em um atentado a tiros no Rio.
A trama ocorreu em julho daquele ano na atual Praça Tiradentes. O monarca estava na carruagem dele, quando foi surpreendido por um português de 20 anos chamado Augusto do Valle que desferiu um tiro enquanto entoava vivas à República.
O disparo não atingiu o monarca e, quando foi instaurada a República, ele foi para o exílio na Europa, morrendo em 1891. Augusto do Valle foi absolvido do crime e faleceu em 1903, aos 36 anos, de tuberculose pulmonar.
Redação Oeste, com informações da Agência Estado