sexta-feira, novembro 22, 2024
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NASA lista resultados de pesquisas realizadas na ISS em 2023

A NASA listou os destaques das 500 pesquisas tocadas na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) entre 2022 e 2023. O texto, escrito pela jornalista Melissa Gaskill, do programa de pesquisa da ISS, foi publicado nesta terça-feira (27) no site da agência espacial estadunidense.

A ISS é um laboratório de pesquisa em microgravidade que hospeda demonstrações de tecnologia e investigações científicas. Até o momento, mais de 3,7 mil investigações foram realizadas na estação, segundo a NASA. Ainda de acordo com a agência, essas pesquisas geraram aproximadamente 500 artigos publicados em periódicos científicos.

Resultados da ciência na ISS em 2023

(Imagem: NASA)

A lista escrita por Melissa resume os resultados publicados entre outubro de 2022 e outubro de 2023 (também disponíveis em detalhes numa publicação anual da NASA). Confira abaixo:

Nova perspectiva sobre pulsares

Estrelas de nêutrons, matéria ultra-densa deixada para trás quando estrelas massivas explodem como supernovas, também são chamadas de pulsares porque giram e emitem radiação de raios-X em feixes que varrem o céu igual a faróis. O Explorador da Composição Interna de Estrelas de Nêutrons (NICER) coleta essa radiação para estudar a estrutura, dinâmica e energia dos pulsares.

Pesquisadores usaram dados do NICER para calcular rotações de seis pulsares e atualizar modelos matemáticos de suas propriedades de giro. Medidas precisas aprimoram o entendimento dos pulsares, incluindo sua produção de ondas gravitacionais, e ajudam a abordar questões fundamentais sobre matéria e gravidade.

Aprendendo com raios

Imagem de nuvens e raios durante tempestade a noite
(Imagem: Triff/Shutterstock)

O Monitor de Interações Atmosfera-Espaço (ASIM) estuda como descargas elétricas na alta atmosfera geradas por tempestades severas afetam a atmosfera e o clima da Terra. Esses eventos ocorrem bem acima das altitudes de raios e nuvens de tempestade normais. 

Usando dados do ASIM, pesquisadores relataram as primeiras observações detalhadas da iniciação de um lampejo, de raios dentro de nuvens. Entender como as tempestades perturbam a alta atmosfera poderia melhorar modelos atmosféricos e previsões climáticas e meteorológicas.

Regeneração de tecidos no espaço

A pesquisa sobre regeneração de tecidos e defeito ósseo – Pesquisa em Roedores-4 (CASIS) – patrocinada pelo Laboratório Nacional da ISS examinou mecanismos de cura de feridas em microgravidade. 

Pesquisadores descobriram que a microgravidade afetou os componentes fibrosos e celulares do tecido da pele. Estruturas fibrosas no tecido conjuntivo fornecem estrutura e proteção para os órgãos do corpo. Essa descoberta é um passo inicial para usar a regeneração do tecido conjuntivo para tratar doenças e lesões para futuros exploradores espaciais.

Músculos em microgravidade

A Agência de Exploração Aeroespacial Japonesa (JAXA) desenvolveu o Sistema de Pesquisa de Gravidade Artificial Múltipla (MARS), que gera gravidade artificial no espaço. 

Três investigações da JAXA (MHU-1, MHU-4 e MHU-5) usaram o sistema de gravidade artificial para examinar o efeito em músculos esqueléticos de diferentes cargas gravitacionais – microgravidade, gravidade lunar (1/6 g) e gravidade terrestre (1 g). 

Os resultados mostram que a gravidade lunar protege contra a perda de alguns tipos de fibras musculares, mas não de outros. Níveis gravitacionais diferentes podem ser necessários para apoiar a adaptação muscular em futuras missões.

Imagens de ultrassom melhores

Akihiko Hoshide, astronauta da JAXA, usando equipamento de ultrassom na Estação Espacial Internacional
Akihiko Hoshide, astronauta da JAXA, usando equipamento de ultrassom na Estação Espacial Internacional (Imagem: NASA)

O Eco Vascular, investigação da Agência Espacial Canadense (CSA), examinou mudanças em vasos sanguíneos e no coração durante e após voos espaciais usando ultrassom e outras medidas. 

Pesquisadores compararam a tecnologia de ultrassom 2D com ultrassom 3D motorizado – e descobriram que o 3D é mais preciso. Medidas melhores poderiam ajudar a manter a saúde da tripulação no espaço e a qualidade de vida das pessoas na Terra.

Cérebro no espaço

A investigação Brain-DTI da Agência Espacial Europeia (ESA) testou se o cérebro se adapta à ausência de peso usando conexões entre neurônios anteriormente não utilizadas. 

Imagens obtidas por meio de ressonância magnética (MRI) de membros da tripulação antes e após voos espaciais demonstram mudanças funcionais em regiões específicas do cérebro. Isso confirmou a adaptabilidade e plasticidade do cérebro sob condições extremas. 

Esse insight apoia o desenvolvimento de formas para monitorar adaptações cerebrais e contramedidas para promover a função cerebral saudável no espaço e para aqueles com distúrbios relacionados ao cérebro na Terra.

Melhorando materiais solares

Plataforma MISSE-FF usada para testar como exposição de materiais a condições do espaço os afetam
Plataforma MISSE-FF usada para testar como exposição de materiais a condições do espaço os afetam (Imagem: NASA)

Materiais de perovskita de halogeneto metálico (MHP) convertem luz solar em energia elétrica e mostram promessa para uso em células solares de filme fino no espaço devido ao baixo custo, alta performance, adequação para fabricação no espaço, e tolerância a defeitos e radiação.

Para o Experimento Internacional de Materiais na Estação Espacial-13-NASA (MISSE-13-NASA), que continua uma série de investigações sobre como o espaço afeta vários materiais, pesquisadores expuseram filmes finos de perovskita ao espaço por dez meses. 

Os resultados confirmaram sua durabilidade e estabilidade neste ambiente. Essa descoberta poderia levar a melhorias em materiais e dispositivos MHP para aplicações espaciais, como painéis solares. Aliás, a NASA aposta que energia solar espacial pode se tornar a fonte energética mais eficiente até 2050.

Bolhas em espumas

Espumas úmidas são dispersões de bolhas de gás numa matriz líquida. Uma investigação da ESA – Dinâmica de Matéria Mole FSL (ou ESPUMA) – examina o crescimento, processo termodinâmico no qual bolhas grandes crescem à custa de menores. 

Pesquisadores determinaram as taxas de crescimento para vários tipos de espumas e encontraram uma concordância próxima com previsões teóricas. Entender melhor as propriedades da espuma poderia ajudar cientistas a melhorar essas substâncias para uma variedade de usos – por exemplo: combate a incêndios e tratamento de água no espaço, além de fabricação de detergentes, alimentos e medicamentos na Terra.

Respostas sobre fogo

Amostra de tecido composto de algodão e fibra de vidro queimando durante Saffire-IV na ISS
Amostra de tecido composto de algodão e fibra de vidro queimando durante Saffire-IV (Imagem: NASA)

O fogo é uma preocupação constante no espaço. A série de experimentos Saffire estuda condições de chama em microgravidade usando espaçonaves de reabastecimento Cygnus vazias que se desacoplaram da estação espacial. 

O Saffire-IV examinou o crescimento do fogo com diferentes materiais e condições e mostrou que uma técnica chamada pirometria de cor pode determinar a temperatura de uma chama que se espalha. A descoberta ajuda a validar modelos numéricos de propriedades de chama em microgravidade e fornece insights sobre segurança contra incêndios em futuras missões.

O pulo do robô

Astrobatics testa o movimento robótico por meio de manobras de pulo ou autolançamento pelos robôs Astrobee da estação. Em baixa gravidade, robôs poderiam se mover mais rápido, usar menos combustível e cobrir terrenos de outra forma intransitáveis com essas manobras, expandindo suas capacidades orbitais e planetárias. 

Os resultados verificaram a viabilidade do método de locomoção e mostraram que ele proporciona uma faixa de distância maior. O trabalho é um passo em direção a ajudantes robóticos autônomos no espaço e em outros corpos celestes. Isso poderia reduzir a necessidade de expor astronautas a ambientes perigosos.

Via Olhar Digital

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