A NASA está enfrentando grandes desafios em seu plano de retornar amostras de Marte para análise na Terra. O projeto, chamado Mars Sample Return (MSR), foi projetado ao longo de décadas e é considerado essencial por muitos cientistas planetários. No entanto, o orçamento e cronograma irrealistas têm colocado em risco a continuidade do projeto, com ameaças de cancelamento por parte dos legisladores.
Uma revisão independente estabelecida pela NASA constatou que o MSR pode custar entre US$ 8 bilhões e US$ 11 bilhões (R$ 38,91 bilhões e 53,5 bilhões, respectivamente, em conversão direta), bem acima do orçamento recomendado.
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Além disso, a revisão apontou que é improvável que os elementos essenciais do MSR estejam prontos para os lançamentos programados para 2027 e 2028, e muito menos para o retorno à Terra previsto para 2033, indica o Space.com.
- A complexa arquitetura do MSR é uma das principais razões para os altos custos e atrasos;
- O plano exige que um módulo de aterrissagem da NASA viaje para Marte, transportando pequeno foguete para retornar as amostras e braço robótico fornecido pela Agência Espacial Europeia (ESA);
- O módulo de aterrissagem pousaria perto do rover Perseverance, que já está coletando amostras cuidadosamente selecionadas ao redor da cratera de Jezero;
- As amostras seriam recolhidas pelo Perseverance ou por drones voadores e colocadas no foguete de retorno;
- Esse foguete, contendo as amostras, seria lançado em órbita ao redor de Marte para se encontrar com espaçonave fornecida pela ESA, que as transportaria de volta à Terra;
- As amostras seriam recuperadas em local específico nos Estados Unidos e levadas para instalação especializada para processamento e estudo adicional.
Projeto pausado e redução de trabalho associado
Após o relatório da revisão independente, a NASA pausou o projeto e anunciou a redução do trabalho associado. Um congelamento de contratações e demissões de contratados também ocorreram no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, que gerencia o MSR.
As restrições orçamentárias impostas pelo Congresso também complicam a situação, com a Câmara dos Representantes oferecendo quase US$ 1 bilhão (R$ 4,86 bilhões) para o projeto em 2024, enquanto o Senado oferece apenas US$ 300 milhões (R$ 1,45 bilhão) e ameaça cancelar o projeto.
Em resposta, a NASA criou equipe de resposta chamada Mars Sample Return Independent Review Board Response Team (MIRT), encarregada de revisar o projeto e propor caminho a seguir. A ESA também está trabalhando em estreita colaboração com a NASA para replanejar o MSR.
Opiniões divergentes e avanço da exploração chinesa
Há opiniões divergentes quanto à importância científica e o custo-benefício do MSR. Alguns cientistas planetários afirmam que as amostras de Marte são essenciais para estudos que não podem ser realizados apenas com rovers no Planeta Vermelho. Além disso, argumentam que o MSR é crucial como preparação para futuras missões tripuladas a Marte.
Por outro lado, há quem questione se o custo bilionário do MSR é justificado, especialmente quando há outras opções mais acessíveis, como investir em métodos melhores para estudos robóticos em Marte ou explorar outros destinos, como Vênus e as luas Titã e Encélado de Saturno.
Outro fator a considerar é o avanço dos projetos de exploração de Marte pela China. O país planeja lançar missão chamada Tianwen-3 que também busca retornar amostras marcianas à Terra. Caso as amostras chinesas sejam as primeiras a chegar, cientistas estadunidenses esperam poder colaborar com a análise dessas amostras, apesar das restrições atuais nas colaborações entre a NASA e a China.
No final, a decisão de prosseguir com o MSR representa momento crucial para a NASA e para o país como um todo.