O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, rebateu, nesta sexta-feira, 12, declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que o chamou de “incompetente” e de “desafeto pessoal”.
“Sinceramente, não vou descer a esse nível”, disse Padilha, segundo o jornal O Globo, antes do evento Líderes em Energia, no Rio de Janeiro. “Sou filho de uma alagoana arretada que sempre disse que, se um não quer, dois não brigam.”
As falas de Lira aconteceram na quinta-feira 11, durante um evento do agronegócio na Expolondrina, feira agroindustrial na cidade de Londrina, no norte do Paraná.
Na ocasião, o presidente da Câmara respondia a um questionamento sobre um possível enfraquecimento seu depois que a Câmara referendou a manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Conforme Lira, essa informação foi “vazada do governo”, especificamente, por Padilha.
Ainda em sua resposta, Padilha disse não guardar “nenhum tipo de rancor” de Lira e citou uma música do cantor Emicida.
“Quero repetir esse sucesso, não tenho nenhum tipo de rancor”, continuou. “A periferia de São Paulo produziu uma grande figura, o Emicida, que diz: ‘Mano, o rancor é igual tumor: envenena a raiz, quando a plateia só deseja ser feliz’. Sei que os deputados querem ser feliz e manter os bons resultados para o país.”
Manutenção da prisão de Brazão expôs mais atritos entre Lira e Padilha
A relação entre Lira e Padilha não é boa há algum tempo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive, escalou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para tratar com Lira, ao invés de Padilha.
Na quarta-feira 10, a Câmara aprovou a permanência de Brazão na prisão temporária por 277 votos. Horas antes da votação no plenário, membros do centrão passaram a defender nos bastidores a soltura do deputado, pois, segundo eles, não estavam sendo cumpridos os requisitos constitucionais.
Horas depois da declaração de Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que “se esforça muito” para manter uma boa relação com o governo e que Padilha é “competente”.
“Ninguém é perfeito, mas ninguém também é tão mau assim”, respondeu Pacheco, ao ser questionado sobre a fala de Lira. “Tem que conviver com as divergências e eu espero que a relação do Parlamento como Executivo, especialmente com essa peça-chave, que é o ministro Alexandre Padilha, possa ser a melhor possível.”
“Me esforço muito para manter uma boa relação com o governo, com o próprio ministro Alexandre Padilha, porque eu tenho afeição, eu tenho simpatia e o considero também competente”, continuou. “Então, da parte do Senado Federal nós vamos ficar tendo melhor relação com o governo e com o próprio ministro Padilha.”