Cotado para assumir o comando do PT a partir do fim do ano, o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva defende que o partido resolva as divergências internas e consiga se unir em torno da construção de um sucessor para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para o petista, a legenda não pode menosprezar a força do bolsonarismo e precisa reunir as condições para dar sobrevida ao seu projeto político quando Lula estiver fora do jogo. “O Lula é maior que o PT”, afirmou o ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) ao CNN Entrevistas.
Edinho defende que o próprio Lula dispute a reeleição em 2026, deixando o debate sobre sua sucessão para a corrida seguinte. E diz não ver, até o momento, nenhuma alternativa melhor para representar a continuidade do governo que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Haddad foi nosso candidato a presidente em 2018. No pior momento da história do partido. Ele esteve lá e representou o projeto. Então, naturalmente, em qualquer circunstância, o Haddad no pós-Lula é candidato. Que ninguém tenha dúvida disso. Ele já foi, teve mais de 40 milhões de votos. Então, não tem ninguém hoje mais preparado para o pós-Lula que o Haddad
Fernando Haddad
Edinho ressaltou que nada será decidido antes da hora. Mas, até que chegue o momento de escolher o sucessor de Lula, é fundamental que o PT dê sustentação ao ministro da Fazenda.
“Não existe na história — nem do Brasil, nem de qualquer país democrático — um governo que vá bem se o ministro da Fazenda for mal. Se o Haddad for mal, se o Haddad estiver enfraquecido, o governo estará enfraquecido.”
A união do partido, segundo ele, se faz ainda mais necessária diante da força demonstrada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Você só enfrenta um adversário quando reconhece o tamanho dele. Bolsonaro é um líder popular. Ninguém pode dizer que ele não é. E ele representa uma parcela da sociedade que, infelizmente, sempre foi racista, sempre foi homofóbica, sempre foi contra a ascensão social”, afirmou o petista. “Ele tirou a tampa de uma panela em fervura. E essa tampa talvez nunca mais seja recolocada”.
Edinho admite as especulações em torno do seu nome para suceder Gleisi Hoffmann no comando nacional do PT. Mas, segundo ele, este é um processo que será conduzido pela própria presidente do partido.
“Eu nunca me coloquei como candidato a presidente do PT. Tem conversas? Tem. Também não vou ser hipócrita. Claro que tem. Mas, para mim, quem conduz esse processo é a própria Gleisi”, disse. Edinho avisou que, por enquanto, ficará “no seu próprio canto”.