O recente avanço do partido de direita Reunião Nacional nas eleições parlamentares da França, ocorridas no domingo 30, levou o rabino-chefe da Grande Sinagoga de Paris, Moshe Sebbag, a expressar preocupações sobre o futuro dos judeus no país.
Diante do risco de retaliações da esquerda, Sebbag sugeriu aos jovens que considerem imigrar para Israel ou outras nações mais seguras para a comunidade judaica.
“Está claro hoje que não há futuro para os judeus na França”, afirmou Sebbag ao The Jerusalem Post na segunda-feira 23. “Digo a todos os jovens para irem para Israel ou outro país mais seguro.”
Anteriormente, Sebbag havia adotado um tom mais cauteloso e otimista em conversas com o jornal The Post. Ele acreditava na continuidade da comunidade judaica francesa, apesar da crescente preocupação com o antissemitismo e as mudanças sociais.
Sebbag explicou que a França enfrenta uma crise de identidade e integração. Imigrantes judeus que chegaram depois da Segunda Guerra Mundial se adaptaram à cultura francesa, aprenderam o idioma e se integraram plenamente à sociedade.
“Cada país tem sua história, que faz parte de sua identidade”, prosseguiu. “Quando você se sente parte da história de um país, essa história não se torna a de outro país. Depois de várias gerações, os judeus franceses são muito franceses e se sentem muito franceses.”
Desafios de integração e secularismo
Segundo Sebbag, outros imigrantes que chegaram à França em busca de uma vida melhor não se integraram tão bem quanto os judeus. A França é uma sociedade secular onde itens religiosos não são usados em escolas públicas nem por funcionários de hospitais.
“Há liberdade religiosa, mas não para exibição em espaços estatais”, afirmou Sebbag. Muitos muçulmanos, no entanto, têm se recusado a cumprir essas normas, com o uso crescente de véus em espaços públicos.
Segmentos diferentes da sociedade francesa têm respondido de formas variadas aos problemas de imigração em massa e falhas de integração. De um lado, há o medo de perder a cultura francesa e a vontade de restringir a imigração.
De outro, há aqueles que defendem “ajudar” os imigrantes com benefícios sociais e combater a discriminação, o que supostamente requer aumentar impostos sobre os ricos e alterar a idade para benefícios de aposentadoria.
Para combater o antissemitismo, judeus contemplam voto na direita
Sebbag observou que áreas com enclaves de imigrantes não integrados têm visto o crescimento da direita. Jean-Marie Le Pen, fundador da Reunião Nacional, foi acusado de antissemitismo e simpatia por nazistas.
Sua filha, Marine Le Pen, tem tentado distanciar o partido dessas associações ao focar a proteção da identidade e da cultura francesas.
Enquanto a esquerda justificou o massacre de 7 de outubro, executado pelo grupo terrorista Hamas, a direita apoiou o direito de Israel à autodefesa. A esquerda também facilitou protestos pró-Palestina, o que gerou um aumento dramático do antissemitismo.
Sebbag acusou a Frente Popular de Esquerda de manipulação ao nomear sua coalizão em homenagem ao estadista judeu-francês Leon Blum, que lutou por direitos dos trabalhadores e contra o antissemitismo. A coalizão de esquerda ficou em segundo lugar nas eleições, acima da aliança centrista do presidente Emmanuel Macron.
Alguns grupos judaicos têm incentivado os judeus franceses a votarem no centro, que apoia Israel, mas que também não tomou providências para evitar o antissemitismo. Com isso, muitos têm pensado em votar no partido de Marine Le Pen.
“Muitas famílias judias asquenazes, que estão aqui desde antes da Segunda Guerra Mundial, não consideravam votar na Reunião Nacional”, relatou Sebbag. “Porém, a esquerda tem sido muito antissemita recentemente. Muitos judeus estão ‘em cima do muro’, porque não sabem quem os odeia mais”.