Na Conferência das Partes (COP 28), um marco histórico foi atingido quando 118 países, incluindo o Brasil, se comprometeram a triplicar sua capacidade de geração de energia renovável até 2030. Paralelamente, um grupo de 20 nações também se propôs a triplicar a produção de energia nuclear até 2050. O acordo ocorre enquanto o planeta enfrenta ondas de calor e bate recordes de temperatura em 2023.
Este movimento ambicioso, liderado por potências como a União Europeia, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos, busca aumentar significativamente as capacidades globais de energia renovável, como eólica, solar e hidrelétrica, para cerca de 11.000 gigawatts, comparado aos atuais 3.400 gigawatts.
China e Índia ficam de fora do acordo na COP 28
Notavelmente, China e Índia, apesar de apoiarem a iniciativa, não assinaram o compromisso, conforme relatado pela Reuters. O pacto, que inclui países como Nigéria, Austrália, Japão, Canadá, Chile e Barbados, não é obrigatório e leva em conta as circunstâncias nacionais distintas de cada signatário. Sultan al-Jaber, presidente da COP 28, expressou otimismo, afirmando que este acordo poderia ajudar o mundo a se afastar do carvão.
Conforme publicado pelo G1, especialistas alertam que para atingir a neutralidade de carbono neste século, é crucial reduzir rapidamente a dependência de combustíveis fósseis. Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, vê na triplicação da energia limpa uma oportunidade para o Brasil acelerar sua transição energética e explorar mercados de exportação de energias renováveis, como biocombustíveis e potencialmente hidrogênio verde.
Energia nuclear seria solução?
A entrada do Brasil na Opep+ é vista por organizações ambientais como o WWF como uma contradição, já que fortalece o bloco de produtores de petróleo, indo contra a necessária transição energética global. O debate entre energias renováveis e nuclear tem sido intenso, com acidentes como Chernobyl e Fukushima influenciando opiniões. Países como a Alemanha abandonaram a energia nuclear, enquanto EUA, França e Japão estão entre os vinte países comprometidos a expandir sua produção nuclear.
John Kerry, enviado especial dos EUA para o clima, defende a energia nuclear como essencial para atingir emissões líquidas zero até 2050. Contudo, Jeff Ordower, do grupo ambientalista 350.org, adverte contra as “distracções perigosas” da energia nuclear. A última vez que o Banco Mundial financiou um projeto nuclear foi em 1959, um fato destacado pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi.
A declaração pró-nuclear da COP 28 inclui signatários variados, desde países em desenvolvimento como Mongólia e Marrocos até nações em conflito como a Ucrânia. Atualmente, 412 reatores nucleares em 31 países fornecem cerca de 10% da eletricidade mundial, com a energia nuclear sendo considerada a mais rentável por gigawatt gerado em comparação a outras fontes renováveis, segundo um relatório da AIE e da AIEA.