A primeira turma de mulheres combatentes das Forças Marinha do Brasil se formou nesta sexta-feira, 5, no Rio de Janeiro. Ao todo, foram 114 fuzileiras navais. A formação ocorreu no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves.
Com esta conquista, as mulheres passam a integrar todos os corpos e quadros da Marinha, sendo a primeira das três Forças Armadas brasileiras a ter participação feminina na linha de frente do combate.
Ao jornal Folha de S.Paulo, Jamille de Souza Franklin, de 21 anos, disse que “o mais difícil não foi dar conta da parte física, como muitos pensam, mas trabalhar o psicológico e entender que nada pode me limitar”.
Inspiração e planos futuros das mulheres da Marinha
Jamille se inspira em outras mulheres, especialmente em sua mãe, que é policial. Ela pretende seguir carreira na Marinha, concluir sua graduação em educação física e, no futuro, construir uma família.
Outras fuzileiras compartilham o desejo de desbravar as fronteiras nas Forças Armadas e abrir caminhos para futuras gerações.
Neste ciclo de formação, 660 novos soldados fuzileiros navais se graduaram. Foram 546 homens e 114 mulheres.
A conclusão do curso permite que esses combatentes sejam designados para servir em organizações militares da Marinha em qualquer parte do território nacional.
O treinamento inclui exercícios físicos intensos e estudos. O dia de atividades começa às 4h, com faxina nos alojamentos.
Desafios fisiológicos e adaptações
A recém-soldado Jamille Franklin destacou que a tensão da rotina intensa pode afetar questões fisiológicas, como a interrupção da menstruação durante o internato.
Já a capitão tenente fuzileira naval, Giselle Rebouças, afirmou que o desempenho das mulheres nas atividades não é afetado pelo período menstrual. “Muitas optam pelo uso contínuo do anticoncepcional para interromper a menstruação”
Pioneirismo da Marinha
A Marinha foi pioneira na inserção de mulheres, ao abrir vagas em 1981. Atualmente, conta com 8,3 mil mulheres em seus quadros.
A atuação feminina no combate antecipa a determinação do Ministério da Defesa, que prevê o alistamento voluntário de mulheres nas Forças Armadas a partir de 2025.