Um estudo recente refutou uma pesquisa publicada no ano passado sobre a participação das mulheres na caça em sociedades caçadoras-coletoras. A investigação de 2023 apontava que as mulheres participavam das atividades em 79% das 63 comunidades modernas analisadas. Porém, o novo estudo, publicado na revista Evolution and Human Behavior, aponta um exagero nos dados.
Entenda:
- Um estudo recente indica que as mulheres em sociedades caçadoras-coletoras não são tão ativas nas atividades de caça;
- A nova pesquisa refuta dados apresentados no ano passado, que apontavam a participação das mulheres em 79% de 63 comunidades modernas analisadas;
- O estudo atual apontou um viés de seleção e erros de codificação nas análises de 2023;
- Entretanto, apesar de incomum, a participação das mulheres ainda pode acontecer, como reforçam os cientistas;
- O estudo foi publicado na revista Evolution and Human Behavior.
Os investigadores da nova pesquisa argumentam que o estudo anterior usou uma base de dados etnográfica com informações “explícitas” sobre as atividades de caça, que criaram um viés de seleção e “numerosos erros de codificação”. A equipe tentou replicar a pesquisa de 2023, e descobriu que, ao contrário do que o anterior indicava, a participação das mulheres na caça não é tão comum.
Participação de mulheres na caça em sociedades caçadoras-coletoras é exceção
“As divisões de trabalho por gênero são uma característica de todas as sociedades contemporâneas conhecidas de caçadores-coletores. Embora os papéis de género sejam certamente flexíveis e existam casos proeminentes e bem estudados de caça feminina, são os homens que caçam com mais frequência”, escreveram os pesquisadores no artigo.
Isso não quer dizer, como reforça a equipe, que as mulheres dessas comunidades nunca cacem. Os cientistas ainda propõem que o domínio dos homens nas práticas foi, possivelmente, exagerado em estudos passados.
“Advertimos contra o revisionismo etnográfico que projecta concepções ocidentalizadas do trabalho e do seu valor nas sociedades coletoras de alimentos”, pontua a equipe, destacando a importância de reavaliar o mundo para obtermos uma nova perspectiva sobre conclusões anteriores.