quinta-feira, julho 4, 2024
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Mulheres abusadas por funcionários da ONU no Congo recebem apenas US$ 250

Centenas de mulheres da República Democrática do Congo receberam US$ 250 (cerca de R$ 1,3 mil) cada uma como ressarcimento após sofrer abusos sexuais por parte de funcionários da Organização Mundial de Saúde (OMS), agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU).

A informação foi divulgada nesta terça-feira, 14, pela agência de notícias Associated Press (AP) que teve acesso a relatórios internos da ONU.

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O valor é menor do que o reembolso de diárias para alguns funcionários das Nações Unidas que trabalham na capital congolesa, Kinshasa.

Além disso, para receber o dinheiro, as vítimas são obrigadas a realizar cursos de formação para que iniciem “atividades geradoras de renda”.

Uma forma encontrada para contornar a política da ONU que não prevê o pagamento de indenizações às vítimas de más condutas de funcionários da organização internacional.

Segundo Paula Donovan, diretora da campanha Código Azul, que luta contra a impunidade por má conduta sexual por parte de funcionários das Nações Unidas, este sistema de pagamento de ressarcimento é “perverso”.

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“É bom que a ONU pague às pessoas dinheiro inicial para que possam aumentar os seus meios de subsistência, mas combinar isso com compensação por agressão sexual é algo inédito”, observou.

Entretanto, para Donovan, exigir que as mulheres participem de cursos de formação antes de receberem dinheiro cria condições desconfortáveis ​​para as vítimas de crimes que procuram ajuda.

Funcionários da ONU abusaram centenas de mulheres no Congo

Os crimes ocorreram entre 2018 e 2020, quando a OMS estava atuando no combate à epidemia de Ebola que atingiu o Congo.

A cidade de Beni, no leste do Congo, foi o epicentro da epidemia de 2018-2020.

Durante esse período, alguns funcionários da OMS assediaram e abusaram de centenas de mulheres locais.

Esse foi o maior escândalo sexual conhecido na história da Organização Mundial da Saúde.

Os fatos foram revelados pelo relatório produzido em março por Gaya Gamhewage, diretora da OMS para a prevenção e resposta à exploração, abuso e assédio sexual, que apresentou os resultados de uma investigação interna iniciada sobre o caso.

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Muitas das vítimas não foram ainda identificadas e, portanto, não receberam qualquer indenização.

A OMS informou em um documento confidencial no mês passado que cerca de um terço das vítimas era “impossível de localizar”. E que cerca de dez mulheres rejeitaram a oferta.

Nas entrevistas, as vítimas dos abusos disseram à AP que o dinheiro que receberam não era suficiente, e que queriam justiça.

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As mulheres salientaram que o mais queriam era que “os perpetradores fossem responsabilizados para que não pudessem fazer mal a mais ninguém”.

Gamhewage declarou estar ciente de que “esse dinheiro não é suficiente para compensar os danos sofridos pelas mulheres vítimas de abuso” e que a OMS está disposta a trabalhar para ajudá-las também de outras formas.

Funcionários da ONU tem histórico de violências e abusos

O caso da OMS no Congo é apenas o último de uma longa série de escândalos sexuais envolvendo funcionários da ONU em missões na África e em outras localidades.

No começo de 2023, onze capacetes azuis da ONU deslocados na República Centro-Africana foram acusados ​​de exploração e abuso sexua.

Em outubro, oito capacetes azuis da ONU deslocados República Democrática do Congo também foram detidos sob acusações de abuso sexual.

Via Revista Oeste

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