quarta-feira, janeiro 29, 2025
InícioGeralMulher recebe pensão militar por morte falsa do marido

Mulher recebe pensão militar por morte falsa do marido

Uma mulher condenada por forjar a morte do marido para receber pensão militar continua a ser beneficiada com o pagamento do benefício. O caso, revelado pelo portal Metrópoles, escancara brechas legais e práticas que custam milhões de reais ao orçamento público.

Em 2015, Dilcineth Guerreiro de Braga, então com 49 anos, apresentou ao Exército uma certidão de óbito do marido, o terceiro-sargento Gilmar Santos de Braga. O documento indicava que o homem havia morrido atropelado em Borba, interior do Amazonas.

O documento era verdadeiro, pois havia sido lavrado em cartório. O óbito, porém, era falso. O ex-militar permanece vivo até hoje.

certidão de óbito
Certidão de óbito apresentada pela mulher ao Exército | Foto: Reprodução/Metrópoles

Dilcineth recebeu um auxílio-funeral e passou a ganhar a pensão militar. O prejuízo inicial às forças armadas foi de R$ 60 mil, segundo o portal.

Um dos filhos do casal denunciou o golpe ao Exército. O pagamento foi bloqueado em julho de 2017.

Exército continua a pagar a pensão militar

Quatro anos depois, Gilmar Santos de Braga foi expulso do Exército e condenado pelo Superior Tribunal Militar por causa da fraude.

Depois da condenação, a mulher dele passou a receber pensão mensal de R$ 5,6 mil. O motivo: há uma legislação que equipara as cônjuges de militares excluídos ou condenados às viúvas.

A “morte ficta” permite que os familiares requisitem pensão do Estado, independentemente de qual crime os ex-militares tenham praticado para serem expulsos. Há pensões pagas às famílias de militares condenados por crimes como estupro e tráfico de drogas. O custo total desses benefícios chega a R$ 43 milhões por ano.

Crítica do TCU e brechas legais

O Tribunal de Contas da União (TCU) critica o pagamento de pensões por “morte ficta”. Uma auditoria concluiu que esse modelo resulta de interpretações legais ultrapassadas e contrárias à Constituição.

A área técnica do órgão afirma que o benefício pode estimular má conduta entre militares que não possuem requisitos para aposentadoria remunerada.

A situação de Dilcineth e Gilmar ilustra essas contradições. Desde 2021, o casal já recebeu R$ 240,1 mil em pensão. A análise do TCU reforça que esse benefício prejudica o equilíbrio do sistema previdenciário militar.

Gilmar dos Santos Braga
Ex-militar forjou morte para receber seguro de vida a pensão | Foto: Reprodução/Metrópoles

Segundo o processo, Gilmar planejou a fraude para enfrentar problemas financeiros e obter o seguro de vida, estimado em R$ 300 mil. Dilcineth conseguiu o falso atestado de óbito com a ajuda de terceiros.

Dilcineth confirmou ao Metrópoles que Gilmar está vivo, mas afirmou que ambos estão separados. Ela não comentou a condenação, e o ex-militar não se manifestou.

O que diz o Exército

Em nota, o Exército justificou o pagamento da pensão com base no Artigo 20 da Lei nº 3.765/1960, que concede o benefício a esposas de militares excluídos com mais de 10 anos de serviço.

A instituição afirmou que o TCU realiza auditorias internamente e destacou que a perda do direito à pensão ocorre apenas em casos específicos, como crimes que resultem na morte do instituidor.

Via Revista Oeste

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui