Difícil encontrar alguém que acompanhe a discussão climática há mais de 50 anos, porque, em geral, as pessoas têm mais o que fazer. Exceto os profissionais da área e aquelas que possuem suas atividades ligadas diretamente aos elementos, como agricultura, hidrologia e afins, a maior parte das pessoas não sabe que essa mesma conversa há menos de 50 anos era de que o planeta estaria a caminhar para uma nova era glacial.
A história é mais longa tendo em vista que o século 20 passou por dois períodos de aquecimento e resfriamento bem tênues e mais localizados no Hemisfério Norte, com algumas exceções. Os dois primeiros, antes dos anos de 1950, não chamaram a atenção, pelo menos, não no modo em que vemos hoje, quando o clima passou a ser uma questão política e até religiosa.
Contudo, depois do planejamento do Ano Geofísico Internacional (AGI), iniciado em reunião realizada em Washington, D.C., Estados Unidos, em 1950, as coisas pareciam tomar lentamente outro rumo. Na ocasião, a Marinha norte-americana lançara os planos para a construção de seu primeiro submarino nuclear, o qual deveria estar pronto para sua primeira missão operacional no início do AGI, que ocorreria em março de 1957, o que de fato aconteceu.
Na ocasião do AGI, as temperaturas das séries globais, especialmente de regiões mais frias como a Groenlândia, apresentavam-se mais elevadas, fazendo parte da primeira fase do século onde as temperaturas apresentaram esse padrão. Entretanto, a partir dali, as séries começaram a mostrar um declínio, chegando a baixar mais de 3oC, dependendo do lugar e da série. Em algumas, esse padrão começou um pouco antes. Como as nações acabaram de sair de um experimento científico global (em termos, pois a maior parte das pesquisas e medições ocorrera nas áreas polares), uma lista considerável de dados fora obtida, mas não apenas isso. O AGI havia deixado um legado de estações meteorológicas convencionais que ajudariam a reportar mais dados.
Assim, de valores mais altos, as séries começaram a mostrar um declínio nas temperaturas que se acentuou entre 1948 a 1974, um intervalo curto que surgiu em algumas séries, ou de 1943 a 1986, quando se verificou um intervalo mais longo em outras séries, onde uma inclinação descendente menos pronunciada pode ser observada. Em todas, as avaliações foram realizadas pela média corrida.
Cadê o “grande congelamento” da mudança climática?
Ao se chegar aos anos de 1970, as ondas de frio se tornaram muito intensas e mais recorrentes, especialmente no Hemisfério Norte, mas nem os países do Hemisfério Sul escaparam de intensas atividades de altas polares móveis. Argentina, Uruguai, sul do Chile e sul do Brasil registraram marcas significativas de baixas temperaturas. A onda de frio, que se perpetuaria até meados dos anos de 1980, traria os primeiros registros recordes de mar congelado na Antártida obtidos pelos satélites recentemente lançados. Latitudes pouco aquém do Círculo Polar Antártico apresentaram gelo praticamente em todas as adjacências do oceano polar Sul. Tais “eventos” foram suficientes para que uma nova moda científica viesse à tona de forma muito rápida: o “grande congelamento”.
Parece piada, mas não é. Até capa da revista norte-americana Time nós tivemos como registro desta época em que o mundo caminhava para uma “nova era glacial”. Isto mesmo! Da mesma forma que temos esse alarde atual sobre um “aquecimento global” por causa da recuperação de temperaturas, oriundas desse “resfriamento” dos anos 1970-1980, naqueles dias, era justamente esse “resfriamento”, a “prova” de que estávamos à beira do abismo cataclísmico de que o planeta viraria uma bola de sorvete.
E os problemas eram os mesmos: destruição de colheitas, fome, falta d’água, energia, redução de chuvas, temperaturas congelantes (inverso aqui para o discurso atual), instabilidade social etc. Na mídia, em 1978, Leonard Simon Nimoy (1931-2015), o Sr. Spock do seriado original de Jornada nas Estrelas, utilizava de sua fama conquistada no papel de cientista para dar mais credibilidade ao discurso “resfriacionista” que tomava conta dos simpósios científicos e era extrapolado para os veículos de comunicação, como jornais, rádio e televisão.
Essa tendência realmente tomou os anos de 1970. Por exemplo, Dr. Iben Browning (1918-1991), engenheiro e consultor dos EUA, em 1976, trazia mapas climáticos demonstrando que a Terra caminhava para uma “Era de Gelo” em todas as conferências que realizava. Browning, um climatologista autoproclamado, ficou famoso por prever um super-terremoto que ocorreria em 3 de dezembro de 1990 em Nova Madrid, Missouri (EUA), que, passados quase 35 anos, nunca aconteceu. Ele havia baseado a sua “previsão”, em uma ocorrência anterior no mesmo local. Eventos do passado ou tendências não são garantia de que os mesmos ocorram ou se mantenham no futuro, a máxima do mundo financeiro que serve para clima, mas não aprendem.
De nova “Era Glacial” ao “aquecimento global”
Não só Browning seguia esse raciocínio, mas também diversos climatologistas alertavam que a situação seria esta; que caminhávamos para uma nova Era Glacial, embora os cientistas céticos da época questionassem essas afirmações, pois saiam diretamente da terra da fantasia, sem nenhum embasamento. Seria esse um preparo para o próximo passo em afirmar que o homem mudaria o clima com o crescente lançamento de CO2 na atmosfera?
“Em outras palavras, a Terra já fora bem mais quente em passado geológico recente e as temperaturas agora estão mais baixas”
Temos evidências disto no documentário A Grande Farsa do Aquecimento Global (The Great Global Warming Swindle, 2007) de Martin Durkin, quando ele mostrou um pequeno trecho onde o proclamador do “nobre conceito” em que chuva depende de árvore (1973), Stephen Henry Schneider (1945-2010), atuava em um documentário da época, especulando que os dados corroborariam a hipótese do “resfriamento global”, especialmente porque na mesma ocasião, eles mostraram que as temperaturas foram bem mais altas no início do nosso atual período interglacial, há cerca de 10 mil anos, e vinham baixando. Em outras palavras, a Terra já fora bem mais quente em passado geológico recente e as temperaturas agora estão mais baixas.
Schneider, no entanto, não se conteve e lançou seu Ás, mostrado por Durkin, quando afirmara que a situação de um congelamento global poderia se reverter devido ao lançamento crescente de CO2 que a humanidade estava a praticar. Profético, não? Especialmente porque falou isso em 1982, ainda com as diversas séries de dados demonstrando frio, enquanto outras estavam na parte mais profunda de seus gráficos. No mesmo momento, a mídia passou a explanar que os cientistas alertavam para um catastrófico “aquecimento global” a caminho. Assim, além de ser possível conter uma “Era Glacial”, ainda conseguiríamos aquecer o planeta. Quanta soberba.
Apenas quatro anos depois do pronunciamento de alarmismo gélido de Nimoy, Daniel Irvin Rather, famoso jornalista dos EUA, em 1982 anunciava a nova era de terrível “aquecimento global” e que algo deveria ser feito o mais breve possível. Da mesma forma que governos deveriam se mobilizar para criar resiliência à futura fantástica “Era do Gelo”, esperando o ressurgimento de mamutes e tigres dente-de-sabre, agora, os próximos passos deveriam seguir em um sentido diametralmente oposto, pois a atmosfera da Terra esquentaria por um fantasioso “efeito-estufa”, revivido dos primórdios da ciência climatomitológica.
O fator ONU
Apenas seis anos depois, a Organização das Nações Unidas (ONU) batizava o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em 1988. Em 1990, eles lançariam seu primeiro relatório. Quanto aquecimento havia ocorrido antes disto, tendo em vista que tais relatórios demoravam pelo menos dois anos para serem redigidos, revisados e votados? Não parece estranho para ninguém que o tempo cronológico não combina com o que ocorria nos quadros meteorológicos e os dados climáticos, especialmente das séries de temperatura? Ninguém desconfiou, especialmente porque tais “reuniões climáticas” já vinham acontecendo desde 1980, em pleno frio?
Como seria possível, em plena situação onde os dados mostravam o ápice de baixas temperaturas em várias das séries globais, os sujeitos, na crista da onda, ou melhor, no fundo do vale das baixas temperaturas, em geral entre 1978 a 1982, afirmarem com “convicção científica” que o mundo estava a passar por um “aquecimento global” crescente e catastrófico, derivado de CO2? Bola de cristal? Dom profético? Ou simplesmente um planejamento prévio?
Mas o que acontecia politicamente na mesma época? O terceiro mundo, representado pelos países subdesenvolvidos, passaria a lutar pelo seu processo de industrialização e assim, competiria pelos recursos naturais e energéticos, então nada melhor que estancá-lo logo no início, não é mesmo? Pois bem, não são simples coincidências que tais discursos alarmistas em relação ao CO2 ressurjam com veemência após a fundação do Clube de Roma e o estabelecimento de diversos painéis ambientais no mundo, especialmente depois de 1972, sempre apoiados pela ONU.
Mudança climática: embuste
O embuste climático baseado em temperaturas do ar foi bem planejado. Vejamos que eles sabiam muito bem que até o final do século 20 haveria uma leve recuperação das temperaturas, saindo do frio dos anos de 1970 e fechando o segundo ciclo de “temperaturas elevadas”, sendo esta a quarta oscilação do século que encerraria esse leve período de aquecimento em 1998, com o super El Niño. Eles achavam que em 20 anos poderiam emplacar todas as suas agendas, mas a complexidade do mundo não permitiu que tudo fosse aplicado, especialmente com a crise do petróleo que ocorria paralelamente.
De qualquer forma, já estavam prevenidos, pois o painel climático elencava um domínio maior do que um simples “aquecimento”. Ele abrangia algo totalmente abstrato denominado “mudança climática”. Isso permitiu cooptar qualquer condição do clima, de qualquer lugar, a qualquer tempo, para uma suposta situação de anormalidade, mas especialmente, qualquer quadro meteorológico, denominando-os como anômalos.
Assim, se todo o embuste atual do discurso que sustenta a fraude da “mudança climática” ou do “aquecimento global” nunca foi suficiente para te convencer, então fica mais esta para ajudar, pois em plena situação de frio registrado entre 1978 a 1982, o discurso foi mudado para “aquecimento global” sem nenhuma prova de que isso estava a acontecer. Fizeram uma afirmação na crista da onda, ou, como dissemos antes, no fundo do vale. Dá para acreditar?