sexta-feira, novembro 22, 2024
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MPSP deflagra operação contra empresas suspeitas de envolvimento com o PCC

Na manhã desta terça-feira, 9, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagrou, por meio do Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Operação Fim da Linha. O foco foi em duas empresas de ônibus de São Paulo suspeitas de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão. As empresas são a Transwolff e a UpBus.

Entre os mandados executados, estão um contra Luiz Carlos Efigênio Pandolfi, conhecido como Pandora, proprietário da Transwolff; outro contra Robson Flares Lopes Pontes, um dirigente da mesma empresa; e um terceiro contra Joelson Santos da Silva, também sócio da viação e representante de um escritório de contabilidade.

Além disso, Elio Rodrigues dos Santos foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Ele não era alvo da operação. Silvio Luis Ferreira, o Cebola, sócio da UpBus, permanece foragido. Ele é o quarto dirigente procurado pelo MPSP.

As ações ocorreram na capital, na Grande São Paulo e em cidades do interior paulista. No imóvel de um dos gestores, foram encontrados diversos fuzis, revólveres, dinheiro e joias.


A Justiça de São Paulo também ordenou que a SPTrans, a empresa estatal de transporte coletivo da capital, assuma de imediato a operação das linhas anteriormente administradas pela Transwolff, situada na zona sul, e pela UpBus, responsável pelas linhas na zona leste.

As duas empresas transportam aproximadamente 700 mil passageiros por dia e receberam mais de R$ 800 milhões em remuneração da Prefeitura de São Paulo ao longo de 2023.

O efetivo da operação é o maior já usado em uma ação do tipo do Ministério Público. Ao todo, foram 340 policiais militares, 106 viaturas que compreendem todas unidades do Comando de Policiamento de Choque (1° BPChq, 2° BPChq, 3° BPChq, 4°BPChq, 5° BPChq e RPMon), bem como os agentes de inteligência.

Também foram designados 43 agentes da Receita Federal com 20 viaturas, 64 membros do Ministério Público e dois agentes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Até 2022, ao menos quatro empresas de ônibus que operam nas zonas leste e sul da capital já estavam na mira do MPSP e da Polícia Civil de São Paulo (PCSP) por suspeitas de envolvimento com o PCC.

Desde os anos 1990, existem suspeitas de infiltração do crime organizado no transporte público, quando perueiros clandestinos operavam trajetos entre bairros distantes e terminais de ônibus.

Duas delas, a Transunião e a UpBus, que operam na zona leste, já foram alvo de operações conduzidas pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil.

Líderes dessas empresas já foram detidos sob acusação de colaboração com a facção e suspeita de envolvimento em assassinatos durante disputas pelo controle das companhias.

No caso da Transunião, investigações sugerem que a diretoria pode estar envolvida na lavagem de dinheiro de parentes de Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, irmão de Marcola, o líder principal do PCC. No entanto, eles negam qualquer ligação com o crime organizado.

Depois da privatização do transporte público, ocorrida em 2003, líderes da cooperativa Cooperpam criaram uma nova empresa e forçaram os cooperados a transferirem o controle da cooperativa para a nova entidade, chamada Transwolff. Os promotores afirmam que os diretores da Transwolff também tiravam parte do pagamento dos cooperados para si.

A UpBus teve R$ 40 milhões em bens bloqueados pela Justiça em 2022, durante uma operação conduzida pelo Denarc. Entre seus acionistas estavam membros de alto escalão do PCC, como Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, considerado um dos principais fornecedores de drogas e armas da facção. Ele foi assassinado em 2021.

Os promotores descobriram que outros líderes da facção estão envolvidos na direção da UpBus. Dois deles são sócios: Alexandre Salles Brito, apelidado de Buiú, e Claudio Marcos de Almeida, conhecido como Jango.

Ambos foram investigados por crimes graves, incluindo homicídios, tráfico de drogas, sequestros e assaltos a bancos. Parentes dos investigados também estão envolvidos na sociedade, mas suas ocupações não condizem com o capital investido na empresa.

Via Revista Oeste

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