O Ministério Público Federal (MPF) e o Tribunal de Contas da União (TCU) iniciaram uma investigação para apurar possíveis irregularidades na Embratur, com foco na contratação de funcionários fantasmas. A denúncia sugere que, nos últimos seis meses, 30 pessoas tiveram admissão, mas não desempenhas funções efetivas no órgão.
Em resposta, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, demitiu cinco entre os listados, sob a justificativa de mau desempenho. Esta ação do órgão, subordinado ao Ministério do Turismo, ocorreu nesta terça-feira, 19, enquanto as investigações ainda estão em fase inicial.
A Embratur justificou que alguns dos citados na denúncia trabalham remotamente ou foram cedidos ao Ministério do Turismo, o que poderia explicar as ausências físicas. No entanto, relatos de cinco funcionários e ex-funcionários dão conta que muitos colaboradores nunca viram os acusados na sede.
De acordo com o jornal O Globo, tentativas de contato com sete dos listados revelaram que alguns não souberam sequer explicar suas funções. Já outros se recusaram a comentar o caso.
Relação de funcionário da Embratur com o ministro do Turismo
Entre os demitidos, estão dois funcionários com ligações diretas com o ministro do Turismo, Celso Sabino. A situação de Marcelo Cebolão, que permanece na Embratur, também foi destacada. Ele continua a receber um salário de R$ 38,3 mil mensais e é tesoureiro-adjunto do diretório do União Brasil no Pará, mesmo partido e mesmo Estado do ministro.
Cebolão defende que suas atividades na Embratur são compatíveis com seu trabalho partidário e realizadas remotamente.
Outra funcionária, Maria Pia Petrus Melles, demitida, reside em Minas Gerais e possui outras funções profissionais. Ela se descreve como empreendedora e apresentadora de um programa no YouTube.
Quando questionada pelo jornal sobre suas atividades na Embratur, mencionou estar envolvida em um projeto sobre o potencial de Furnas, mas não forneceu mais informações. Rafael Dalla Rosa, outro demitido, argumentou que seu trabalho é administrativo e que possui formação em relações internacionais, embora alguns funcionários da Embratur afirmem nunca tê-lo visto na sede.
A denúncia e a investigação
A iniciativa dos servidores de apresentar uma denúncia anônima ao MPF e ao TCU reflete a preocupação com a possível existência de funcionários que não estão efetivamente em trabalho. O TCU informou que o material está em avaliação, o que pode resultar em um processo formal de apuração. No MPF, o caso está sendo tratado como “notícia de fato”, uma etapa inicial de investigação que pode levar a ações concretas.
Atualmente, a Embratur conta com 232 funcionários em sua folha de pagamento, dos quais 152 trabalham presencialmente, 46 estão em um regime híbrido e 34 em teletrabalho integral. É nesse último grupo que surgem as suspeitas de funcionários fantasmas.