A indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ter optado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, para comandar a Procuradoria-Geral da República (PGR) gerou uma série de reações em movimentos de esquerda e dentro do próprio PT.
As pressões, no entanto, ainda não surtiram efeito. Aliados dizem que Lula não tem dado sinais de que pode mudar de posição e ainda trabalham com a perspectiva de Gonet ser indicado nesta semana.
Um grupo de entidades ligadas ao Judiciário e movimentos sociais escreveu um manifesto endereçado ao presidente no qual expressam “preocupação” com a possível nomeação de Gonet.
No PT, integrantes do partido têm adotado o discurso de que, ao escolher o subprocurador, Lula acabará dando “poder excessivo” aos ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, que apoiam Gonet.
O documento é assinado pela “Coalização pela Democracia”, que reúne mais de 40 entidades. Segundo o texto, Gonet não tem as credenciais para fazer “uma defesa intransigente da democracia”.
O manifesto se refere a ele indiretamente como “ultraconservador” e cita votos do procurador na Comissão de Mortos e Desaparecidos, nos anos 1990, como um motivo para Lula não nomeá-lo.
De acordo com o texto do documento, o procurador votou contra a responsabilização do Estado em quatro casos conhecidos da ditadura militar: Zuzu Angel, Edson Luís, Carlos Marighella e Carlos Lamarca.
“Somente esses fatos já deveriam ser suficientes para excluir o Subprocurador Paulo Gonet da lista de candidatos à PGR. Em 1990 o Brasil já havia saído da ditadura e não havia nada que o obrigasse a assumir posições tão flagrantemente contrárias à verdade dos fatos históricos e à defesa dos direitos humanos e da democracia”, diz o manifesto.