Você sabia que apenas mosquitos fêmeas podem picar os seres humanos (e também outros animais)? Isso acontece porque apenas elas possuem partes bucais capazes de perfurar a pele e sugar o sangue. No entanto, um estudo publicado na revista Current Biology sugere que nem sempre foi assim.
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Fósseis antigos revelaram surpresa
- Os pesquisadores analisaram insetos encontrados presos em âmbar, resina orgânica que preserva fósseis, e concluíram que os machos também podem ter se alimentado de sangue no passado.
- Os mosquitos estavam dentro do chamado âmbar libanês, que data de cerca de 125 milhões de anos, no início do Cretáceo.
- Além dessa ser a Era dos Dinossauros, também foi um momento em que as plantas com flores estavam se tornando mais comuns.
- As amostras foram coletadas há 15 anos, mas apenas agora os cientistas se debruçaram com mais cuidado sobre elas.
- As informações são da Folha de São Paulo.
Mosquitos machos podem ter bebido sangue
Após análise dos materiais preservados dentro do âmbar, os pesquisadores descobriram dois espécimes mais antigos conhecidos da família de mosquitos. Eles ainda possuíam partes da boca afiadas e alongadas cobertas de pequenas cerdas semelhantes a dentes.
Os insetos tinham órgãos em forma de pinça chamados claspers em seus abdomes, que são usados para segurar as fêmeas durante o acasalamento. A presença desses claspers significa algo incomum: os animais eram mosquitos machos com partes da boca feitas para sugar sangue.
Atualmente, os machos se alimentam de néctar e sucos de plantas. As fêmeas também, mas elas ainda são capazes de beber sangue quando precisam de proteína extra para produzir seus ovos.
Há muito tempo, os cientistas acreditavam que mosquitos e suas parentes moscas picadoras evoluíram a partir de ancestrais que se alimentavam de plantas e que as fêmeas evoluíram posteriormente para ter a capacidade de beber sangue.
Agora achamos que, originalmente, o mosquito poderia ser hematófago. Com o surgimento das plantas com flores, essa função poderia ter sido esquecida posteriormente durante a evolução desses insetos.
Dany Azar, paleontólogo da Universidade Libanesa e um dos autores do estudo
Apesar das descobertas, os pesquisadores reconhecem que as partes bucais cerdosas, apesar possibilitar que os insetos bebessem sangue, talvez não fossem utilizadas com esse propósito. Por isso, novos estudos serão feitos para determinar melhor a evolução dos mosquitos.